sexta-feira, setembro 12, 2008

Os pés no chão em terra viva

Leio. E releio, por exemplo, Oliver Twist, que comprei numa Loja de Caridade aqui em Aljezur de onde também trouxe Shark Dialogues, de Kiana Davenport. Não sei quem é, mas chamou-me a atenção. Ou As Palavras e as Coisas, de Foucault. Céus, é denso de cortar a respiração. Precisamos de capacete e picareta para conseguir entrar, como nas obras, mas compensa. Até porque faz parte da minha "dieta" académica por vários motivos. Além disso, leio e releio as memórias da "minha" Adelaide, cuja biografia vai bem avançada, bem como uma porção de documentos e processos que lhe estão associados e que vieram comigo dentro de num grande cesto de plástico, com asas. Enfim, um belo sortido de géneros. Sem contar com jornais. E, uma vez por outra, as inevitáveis revistas do coração.
Entretanto há peixes no lago. Damos-lhes as sobras de pão do pequeno almoço. As grandes carpas vêm das águas escuras do fundo, e saltam agitando a superficie do lago, disputando entre si as codeas. Os minusculos peixes das margens, que comem as larvas dos mosquitos, organizam-se em constelações frenéticas em torno de migalhas. Ultimamente uma familia de patos mergulhões veio viver para aqui em carácter permanente. Ficam a nadar, no meio do lago. Se viermos embora aproximam-se e também disputam este festim. Pode-se ficar muito tempo nesta actividade, sem dar pelo tempo a passar. Há três semanas que não vemos televisão. Zero, nikles. Só uma vez em Monchique, porque o restaurante onde almoçámos tinha écrans por todo o lado. Muitas pessoas mastigavam em silêncio, olhando por cima dos ombros dos parceiros, para o que acontecia no mundo. Fazia muita impressão.

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