terça-feira, agosto 24, 2010

A morte é a vida ausente

O avô (centro), o meu pai (esqdª), o tio Rogério
A morte é esta perplexidade sem respostas. É estarmos vivos a morrer de saudade. É o vazio, a porta fechada que nem sequer é porta, e tudo o que nos disserem, ou que nós digamos a nós próprios, não retira uma virgula a esta indizível sensação de abandono.
A morte é mexer em coisas que não são nossas, com um grande desconforto e nenhuma curiosidade. É abrir gavetas fechadas para deitar fora muitos papéis. É tocar em roupas inúteis, tentando descobrir-lhes utilidade. É sentarmo-nos a olhar para fotografias que vemos pela primeira vez. Mesmo as que já conheciamos, porque só agora, no silêncio da ausência sem remédio, encontramos os outros rostos da pessoa que julgávamos conhecer. A morte é pedir ajuda ao tempo, sabendo que nalguns casos, o tempo não nos vai ajudar.
A morte é a vida ausente e nós a sentirmo-nos intrusos.