segunda-feira, janeiro 16, 2012

Pobre Catarina

que nem vem muito ao caso, mas tropeça nele a cada momento, porque a sua vida e a vida da minha rainha são troncos da mesma raiz.

Pobre Catarina. Repudiada, mas tão forte e digna na sua coragem. Sem coroa, sem trono, sem a presença do rei, sem certezas quanto ao futuro e muito menos quanto ao futuro da criança assustada que lhe chama mãe e que é sua filha. E que alimenta no peito infantil as víboras do ódio contra a mulher cujo riso, lá longe na corte, atravessa os ares e fura as paredes da fortaleza remota onde se encontram as duas. Mais afastadas do rei do que presas à ordem dele. Em todo caso, ambas entrincheiradas na fé cega e num orgulho todo feito de honra.

Os rios de sangue que brotam da cabeça da menina, nunca conseguirão lavar tanto medo. Se ela soubesse que já foi forjada a espada que vai decepar o pescoço branco da rival da sua mãe, dormiria tão melhor. É uma espada belíssima. Tem lâmina de Toledo e punho francês. O homem que a vai empunhar  nem conhece a sacrificada. Mas também não vem ao caso.

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