domingo, novembro 22, 2009

Tears in rain




«I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain.
Time to die

Blade Runner, Perigo Iminente (USA, 1982).
Um filme soberbo. O tempo não lhe retirou um átomo da sua perfeição. Rutger Hauer num personagem que entrou para a História do cinema; Sean Young comovente, belíssima. Harrison Ford couraçado contra emoções até finamente se deixar levar por elas. Uma tragédia ao sabor clássico que nos transporta para um futuro de ficção cientifica, sequer já tão alheio aos nossos quotidianos. A questão do sentido da Vida, que há mais de seis mil anos surge já num imortal texto Sumério, Gilgamesh, está no âmago desta história. Uma pequena mudança face aos nossos antepassados: os criadores, agora, são homens e não «deuses». E as criaturas, perfeitas e efémeras, são replicantes. Seres geneticamente alterados, para serem utilizados em tarefas duras, perigosas ou infamantes nas novas colónias.
Questão fulcral: o que é a vida? Milhares de anos de perguntas e nenhuma resposta consensual. No filme, um grupo de replicantes revoltosos vem para a Terra à procura do seu criador. Mas sendo a sua presença proibida, foi criada uma força policial especial, blade runners, para os caçar e «reformar» (matar). No centro da história, um ex-blade runner, Deckard/Harrison Ford, volta ao activo para caçar este grupo de seres «mais humanos que os humanos». E, porque não dizê-lo?, muito mais belos.
Ao longo do filme, os replicantes são caçados e mortos, um por um, num processo que os parece humanizar cada vez, à medida que os humanos que os caçam parecem cada vez mais desumanos. E nesse sentido, outro momento inesquecível do filme é o shakesperiano monólogo de Roy Batty/Rutger Hauer. Face à morte, a Vida emerge no seu esplendor efémero. Em breve, todos os seus inesquecíveis momentos ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva: «Time to die.»
Sobre um texto de Philip K. Dick, Ridley Scott construíu uma obra-prima da 7ª Arte.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Do Conde de Ferreira: «Crónica de um erro médico»

«Aconteceu no Porto, entre as paredes deste mesmo Hospital onde eu estou a redigir hoje este artigo. Corria o ano de 1918. Portugal vivia os conturbados anos da Primeira República, presidida naquela altura por Sidónio Pais, com a Grande Guerra a dar os últimos estertores, e a gripe espanhola a assolar mundo. A protagonista foi uma mulher que compensava a sua pequena estatura — cerca de um metro e meio — com uma determinação irredutível para lutar pelo seu amor contra ventos e marés. O seu nome era Maria Adelaide Coelho da Cunha e fazia parte da alta burguesia lisboeta. Era filha do fundador do jornal Diário de Notícias e casou com Alfredo da Cunha, que se iria tornar proprietário do mesmo jornal após a morte do pai fundador. As vicissitudes da sua história, abordadas agora no livro de Manuela Gonzaga “Doida não e não!”, já pertencem ao imaginário popular de Portugal

Começa desta forma uma recensão crítica que muito particularmente me sensibilizou. Publicada na revista Saúde Mental, [Volume XI Nº3 Maio/Junho 2009, pp.40-42], e assinada por Adrian Gramary, médico psiquiatra do Hospital Conde de Ferreira, no Porto, a instituição onde Maria Adelaide passou largos meses na maior amargura e sofrimento físico e moral, a crítica é exemplarmente lúcida. Um médico, psiquiatra ainda por cima, reflecte sem «peias corporativas» acerca de um caso que nos toca a todos.
Como autora, sinto-me profundamente honrada.
Para ler o artigo na íntegra:
http://revista.saude-mental.net/index.php?article=1077&visual=17

André e a Esfera Mágica

O «Mundo de André» vai conquistado o seu lugar, o que me dá alento para prosseguir com a terceira aventura. Respondo assim ao pedidos de jovens leitores que me têm contactado e à editora perguntado (alguns com notável persistência) por anda agora o nosso André.
Assim, no próximo dia 16 de Dezembro vou falar para duas turmas do 6º ano do colégio Valsassina.
Entretanto, foi com muita alegria que soubemos que a capa do primeiro livro esteve entre os dez primeiros lugares, numa selecção feita pelos alunos de uma escola secundária do nosso país. Ora vejam no blogue Ler não é Crime (http://www.lernaoecrime.blogspot.com/) onde e como.