terça-feira, março 31, 2009

Maria Adelaide voltou ao palácio de São Vicente

Às vezes, uma imagem vale mesmo mais do que mil palavras. Neste caso, é um pequeno filme. O programa Só Visto transmitiu no domingo dia 29 de Março (2009) uma reportagem sobre o lançamento da biografia de Maria Adelaide. Justiça mais do que poética: quase cem anos depois, ela voltou pela porta grande aos salões onde costumava brilhar. Ao palácio de onde fugiu a 13 de Novembro de 1918. Novidade: em glória, com descendentes seus e de Manuel Claro finalmente juntos. E amigos, amigas que a conheceram em vida, como Maria Elisa Seara Cardoso Perez.
Link para o programa:
http://195.23.58.155:8080/streamtv/2009/03/WMS_RM_FILTER/24434163.wmv

quinta-feira, março 26, 2009

Peter Joseph in the New York Times and... in Lisbon!

He has been in Portugal, some months ago during Artivist Film Festival to present his second Zeitgeist. Very crowdy and warmy and participated session! Portugese press, altough, ignored him. He was not yet «mainstreem» in Lisbon. We had wonderfull moments altogheter, and a very nice dinner at my place: in the photo Peter Joseph and our dear friend Benedetta Scatafassi, an italian artist. And a botlle of a great Portuguese wine. Well... two botlles, we were seven.
To read some more about his work, follow the link to this article: They’ve Seen the Future and Dislike the Present
By ALAN FEUER
«Hundreds of people gathered Sunday for an evening-long forum with Peter Joseph, the director of the “Zeitgeist” films and a futurist, to celebrate Z-Day in Manhattan.»

terça-feira, março 24, 2009

Maria Adelaide Coelho no Top 10 Bertrand

Pela terceira semana, a biografia da filha e herdeira de Eduardo Coelho, fundador do Diário de Notícias, mulher de Alfredo da Cunha e encerrada num manicómio por um «crime de amor» continua no Top 10 Bertrand. Esta semana, «Doida não e não!» subiu para 7ª posição.
http://www.bertrand.pt/

sábado, março 21, 2009

Entrevista a Vidas Alternativas

«São 4 as entrevistas deste programa 162.
Abrimos o programa dando voz à literaratura e na pessoa da escritora ja sobejamente conhecida,Manuela Gonzaga,a propósito da sua última biografia”Doida,nao ,e nao”!,a hsitória de uma mulher, filha de magnates portugueses que em 1920, em plena I República quiz ser livre para amar o homem que amava:o seu próprio choffeur.Foi desde logo considerada louca, e internada num manicómio.Graças á sua enorme coragem, contra o machismo burguês e contra a ciência médica que a interditava,libertou-se e foi feliz!»
Entrevista radiofónica:http://va.vidasalternativas.eu/wp-content/uploads/audio/VidasAlternativas162.mp3

Papi Jan


He come into my life trough the door of the stories his son used to tell me so often. He was a traveller. He went on the road, when there were no roads. He took some gold and a huge bread, the gold inside the bread. Those days money use to be what it always has always been: just not valuable paper money trusted by nobody. Beyond the gold and the bread, he had an iron horse, a fantastic motorcycle, and a great group of friends. They left from Groningen, Holland, and reached Rome, Italy. They crossed a smashed Europe under million of bombs, its roads devastated, its dead fields and cities fallen over themselves. They flew over the chaos and pain, and sang a holy song of joy for the end of the nightmare.
I cannot imagine what it would have been going on a trip like that.
He travelled during all over his life. On the back seat of his car he carried enormous suitcases that would fold on themselves and opened like an accordion, as I’ve pictured it in his son’s description. Inside this accordion 500, 600, and even more shoes, rubber boots, boots and slippers and house shoes travelled, but only left feet. He showed them trough Dutch villages, small towns and cities. He accomplished that with a genuine pleasure that exceeded the mere business insight, far beyond barriers of the bookkeeping columns where he inscribed orders and profits, amounts, references, debits, credits. He performed his work with the seriousness and the concentration of a playful child. That’s why he could count so many friends instead of just customers.
Then he was also a traveller who shared the pleasure of the journey with his family. What was his car like? On his side, mother has a candy bag on her lap and a small grocery store on her feet. How can she manage it? The car not yet left the city and everyone is already chewing. On the back seat four blond heads, many elbows, a sharp confusion of arms and acute knees, spiky tongues. She needs to keep her kids busy. Mostly eating candies instead or before they start biting each others. Later, they cross North routes to the South countries in a caravan. In winter they would go all together to Switzerland ski resorts. In summer they went to Mediterranean seaside, landing in sparkling camping parks its new grass and equipment about to be use for the first time. Groningen periodical even published a photograph of the family leaving to foreign countries in their great caravan. Everybody talks about that.
Later, a flagman police in the South cities would stop the traffic for this group of golden ducklings, who communicate in strange signs and Nordic sounds, and their young and pretty parents could cross the road in safety. Local people, dark eyes and dark hair, stare in an astonished silence this golden Dutch family:
-They used to put their hands through our hair and said “bianco, bianco!" By those days, almost nobody travelled like we use to do -- his son told me.
We saw each other two, three times? We exchange hesitated sentences in English, and confident and warm smiles in universal language. Language was not a barrier. He looked my feet and he liked my shoes. He touched them. He described them. I suppose he wanted to know its origin. Years later, we took a walk trough the canals of the city where he was born, grew and lived, whenever he was not travelling. The city where he loved, married and his children had been born. It was January the canals were almost frozen, but the boat still cross the waters to the flavour of a life full of history. All the memories I have about him – sequential and short by direct experience, or other people's memories – come always loaded of joy:
-My mother lived here. My father met her here. My sisters were born there. My parents use to live there for some years.
The day Papi Jan left, the very same hour, we were speaking about him,and his son had laughs in his voice and tears in his eyes as he told same old stories and quite new ones. Very pragmatic, he added: «I know but the good part of histories about him. I left home many years ago.»
Last Sunday it was a splendid sunny afternoon. News came shortly afterwards. An old gentleman his body tired of intense and joyful life freed his soul.
We so miss him.
Lisbon, 17 of March, Manuela

quarta-feira, março 18, 2009

Maria Adelaide Coelho nas Tardes da Júlia

A história seduziu não só a apresentadora e jornalista Julia Pinheiro, como a equipa toda. Produtores e realizador incluídos. Daí o «peso» que o tema ssumiu num dos programas (45 minutos!) com recurso a reportagens de exterior, e conversa em estúdio. No palácio, filmaram ambientes e documentação. Ouviram histórias. E seguiram o fio desta meada antiga.
O link dá remete para uma parte do programa:
http://195.23.58.155:8080/streamtv/2009/03/WMS_RM_FILTER/24184574.wmv

segunda-feira, março 16, 2009

«A história de uma mulher que não ficou calada»

Um dos jornalistas presentes na sessão de lançamento da biografia de Maria Adelaide Coelho, José António Machado, da revista Rosa 10, escreve citando o historiador Fernando Rosas:
“Manuela conta-nos a história de Maria Adelaide Coelho da Cunha com pormenor e rigor, como uma boa historiadora o sabe fazer. A história de uma mulher que não ficou calada, que não se submeteu, que não aceitou o hospício e a humilhação. Uma mulher que fez várias coisas espantosas, como deixar tudo para se entregar ao amor de um homem que era seu motorista e tinha metade da sua idade”, afirmou Fernando Rosas, que no final da sua intervenção referiu que este livro merecia ser adaptado para o cinema.»
Créditos da imagem e para ler mais: http://www.rosa10.com/detalhe.php?id=11170

Lançamento do meu livro no palácio de São Vicente




Na fotografia durante o lançamento, com o historiador Fernando Rosas a apresentar o livro. Estou-lhe muito grata pelas palavras com que apreciou estas páginas que rasgam uma janela sobre quotidianos e condição da mulher no primeiro quartel do século XX. Eduardo Boavida, director da Bertrand, ao lado direito, eu à esquerda, Clara Ferraz, actual dona do palácio, e Ana Gorjão Henriques, pela Penha Longa. O grande salão onde Maria Adelaide Coelho declamava os versos do marido e do filho, e as outras salas e os lindíssimos jardins, engalanaram-se para receber de volta a senhora que fugiu daqui no dia 13 de Outubro de 1918, e que só voltou agora... em biografia. Segundo a editora estariam umas 15o pessoas no palácio para este evento.

sexta-feira, março 06, 2009

«O escândalo por amor no séc. XX»

"Doida não e não!" é o modo de Manuela Gonzaga fazer justiça a uma mulher que trocou o luxo pela paixão -- é este o título do artigo publicado no Jornal de Noticias de 6 de Março de 2009, com assinatura de Liliana Carvalho Lopes:
"Está nas livrarias desde 20 de Fevereiro o sétimo livro de Manuela Gonzaga. "Doida não e não!" é a segunda biografia da escritora e será apresentado no dia 10, no Palácio de São Vicente de Fora. Maria Adelaide Coelho da Cunha, herdeira do fundador e co-proprietário do "Diário de Notícias", foi declarada louca e presa num manicómio pela sua ousadia. A 13 de Novembro de 1918, uma mulher rica, de 48 anos, troca a família e toda uma vida de riqueza e bem-estar pelo motorista, de 26, para viver o verdadeiro amor. [...].
Para ler mais: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1158498

quarta-feira, março 04, 2009

A história de Maria Adelaide Coelho no Porto e em Braga

Foi uma verdadeira «tournée» a ida ao Norte com a história desta Mulher na agenda de contactos. Saldo, para já: um excelente artigo na página da Cultura do JN, com assinatura de Liliana Lopes; o feliz reencontro com algumas das pessoas que me documentaram sobre os ultimos 40 anos de vida de Maria Adelaide Coelho da Cunha e Manuel Claro, e uma deslocação a Braga para o programa «Livros e Rum», que, no seu segundo ano de vida, é já um culto. Uma hora de conversa intensa e interessantíssima com o investigador e autor, António Ferreira. A entrevista vai para o ar esta quinta-feira.
Adoro Braga, mas desta vez estive lá apenas o tempo deste encontro. Mas valeu a pena!!!
António Ferreira - Livros com Rum - Rádio Universitária do Minho: http://www.rum.pt/
Entretanto segunda-feira, na Antena 1, passou a entrevista com Ana Aranha, «À volta dos Livros», sobre esta biografia. E ontem, dia 3 de Março, na «energia» de um directo, «Portugal no Coração», tive a oportunidade, mais uma vez, de divulgar a história de Maria Adelaide, em entrevista conduzida com sensabilidade por Tânia Ribas e João Baião, estarrecidos pela força desta Senhora.

domingo, março 01, 2009

Nós e os outros, a propósito dos casamentos gay

Até agora, os argumentos do «Não» ao casamento gay deixam-me abismada. Um pouco mais e recorrer-se-ia ao Génesis. Espera: já se recorreu! Pela parte que me toca, nunca consegui descobrir se alguém era inteligente ou burro, decente ou canalha, solidário ou egoísta, através da sua cor de pele, religião, clube, sexo, ou orientação de género. Na verdade, já sou muito velha, e tenho uma imensa memória. A memória dos escritores. Por exemplo:
-- Cresci a ouvir chamar terroristas a pessoas que trinta anos mais tarde foram saudadas como nossos irmãos de luta e como heróis. Eram combatentes pela liberdade das suas pátrias, que eram a «nossa»: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Principe, Timor.
-- Cresci a ouvir defender, por gente mais ou menos próxima, mais ou menos remota, a superioridade de uma raça -- qual? tanto faz, mas no caso era aquela -- em deterimento da fatalidade genética da outra. Pois se deus tinha dado tanto sol e tantas bananas aos povos daquela região do globo, na verdade dispensara-os de trabalharem os seus cérebros. Aí chegaram os outros, os da «civilização», para equilibrar as coisas. Por acaso até foi deus que os enviou.
-- Cresci a assistir à submissão de grande parte das criaturas do sexo feminino ao paradigma bíblico. Pois se até eramos o subproduto de uma parte do corpo deles!
-- Cresci a ouvir dizer que a «nossa» era a única, a melhor, a total religião. Cresci a ver, com o olhar intenso da infância, com o olhar feroz da adolescência, e com o olhar espantado da juventude, gente muito boa, gente muito má, e gente banal ou excepcional, ao leme dos seus destinos.
-- Cresci ainda mais e, mergulhando no rio do tempo, percebi linhas de força aterradoras a nortear o poder subjacente aos destinos da casa de deus. E vi que Deus, o «meu» Deus, que aprendi a amar e tento guardar nos caminhos de cá, não morava ali.
-- Cresci cresci cresci e na tentativa de me manter criança, procuro guardar a inocência do olhar que não julga, nao mede, não fecha o coração ao coração dos outros. E depois, cansada de não encontrar deus em clubes restrictos povoados de hipócritas, encontrei este lema na essência das religiões quase todas. Não digo todas, porque não as conheço. Mas também vi que quase todas o perderam na estrutura temporal da sua vaidade e obsessão de poder.
-- Cresci a ouvir falar de decência e moral. Os pregadores -- de todos os sexos e de vários credos -- gritam muito alto, e cobrem-se de véus que facilmente se rasgam. Por baixo deles, estão invariavelmente nus. E cheios de feridas indecentes.
Cresci tanto que abandonei o «rebanho. Pensei: se deus quisesse que fossemos ovelhas ou vacas, ou animais que precisam de pastores, não nos dava cordas vocais sofisticadas -- para dizer muuuuuuuuu ou béeeeeeeeee -- intelecto, e um cerebro poderosíssimo do qual usamos uma minúscula parte. Além de que pastores e rebanhos é a velha história que termina no matadouro municipal ou na matança da aldeia. Não é uma relação em pé de igualdade.
Cresci ainda mais, e começei a navegar no rio do tempo.
Muitos mais véus se rasgaram. Senti-me muito só.
Mas muito muito livre. Graças a Deus.
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