sábado, outubro 17, 2015

Candidata da base da pirâmide: e porém EXISTO

Apresentei a minha candidatura à Presidência da República em Agosto deste ano. A televisão cobriu o acontecimento e, no mesmo dia, de manhã, estive em directo na RTP a antecipar o conteúdo programático e os motivos que me levaram a dar este passo. Tenho site de candidatura, equipas por todo o pais a recolher assinaturas para a formalizar. e acções de campanha em curso. 



Sou uma candidata da base da pirâmide, sem multinacionais a pavimentarem-me a estrada a euros e ouro, nem sociedades paralelas a suportarem-me os encargos da candidatura. Sou EU e a expressão daqueles que NÃO TÊM O DIREITO DE FALAR porque nunca são ouvidos. A não ser nas redes sociais, quando a imprensa, ela também amordaçada, tem de fazer de conta que não ouve, nem sabe, nem vê.

Porém, sou apoiada por um pequeno partido com um programa completíssimo: 160 medidas muito bem equacionadas, a maior parte das quais com enfoque nos direitos das pessoas, mas que enraíza a sua existência na defesa dos direitos das Pessoas, dos Animais e da Natureza. Neste momento, com um deputado eleito à Assembleia da República, o PAN com quase oitenta mil votantes, só para os muitos distraídos e para os muito ignorantes é que eventualmente continua a ser uma espécie de tertúlia dos «amiguinhos dos cães e dos gatos». 

Não subestimemos porém a colossal ignorância das massas. Sobretudo quando das próprias elites, essa ignorância é tão ostensiva como a que manifestou o Professor Adriano Moreira que, em entrevista à Antena 1 afirmava o seu entusiasmo por «pela primeira vez haver uma candidata mulher».(15/10/2015). Referia-se o referido professor à «única candidata»... aceitável? Desejável? Credível? Falava, enfim e apenas, de Maria de Belém Roseira. 

Felizmente, nem todos os jornalistas dormem na fila. Leonete Botelho, no mesmo artigo, recorda que «a professora universitária Graça Castanho e a historiadora Manuela Gonzaga, apoiada pelo PAN, já anunciaram a intenção de se candidatarem em 2016». (ver Maria de Belém é a primeiramulher candidata às presidenciais?)



Desenganem-se os distraídos. Eu existo. Já plantei árvores, em vários países. Tenho quatro filhos, livros - doze - publicados, alguns dos quais traduzidos em francês e curriculares em escolas secundárias e universidades; escrevi muitas centenas de artigos, reportagens, crónicas, entrevistas realizadas durante os quase 40 anos de jornalismo a que dediquei grande parte da minha profissional. Tirei uma licenciatura, uma pós graduação e um mestrado em História que decorreram com lisura, sem exames aos domingos e outras habilidades. Na muito exigente Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

E com excelentes resultados. 

Aliás, o mandatário nacional da minha candidatura, meu amigo, foi meu professor e orientador de tese. O Prof. Dr. João Paulo Oliveira e Costa, director do CHAM (FCSH da Universidade Nova de Lisboa), instituição a que estou agregada. É um magnifico historiador, com prestigio internacional. E um grande romancista.

Dito isto - nunca estive ligada ao poder. Dito isto, nenhum dos grandes partidos ou mesmo dos pequenos - até ao PAN - Pessoas Animais Natureza - me contou nas suas fileiras. Dito isto, das finanças só conheço o deve e haver. E o tormento das contas, as muitas contas que fiz ao longo da vida para prover o meu lar de tudo o que necessitaram as minhas quatro crianças que cresceram num instante, estudaram em Portugal e depois no estrangeiro, e por fim foram-se embora deste pais onde «o sol é tão caro, mãe». 

Portanto, não tenho amigos nas corporações nem na Banca, a não ser ao nível do balcão. Nem no poder. Até há duas semanas, quando o André Silva foi eleito deputado pelo PAN. Os meus amigos e amigas são poderosos, mas de outra maneira. Quanto aos outros «poderosos» que mandam nisto tudo e já venderam praticamente tudo que é nosso, conheci-os, conheço-os a quase todos, dos meus tempos de imprensa. Guardo-os na minha memória elefantina. 

Existo SIM. E não admito que me subestimem. É que sou maior do que eu, Sou a VOZ dos que a não têm. E sei gritar sem perder a compostura nem a razão. As palavras são muito minhas amigas.

quarta-feira, outubro 14, 2015

Onda sagrada me leva. Vamos?

Que Causas me movem? Que Causas nos podem unir? Penso nisso, dia e noite - sim, os sonhos ajudam-nos a encontrar caminhos se lhes pedirmos com bons modos - enquanto mergulho na cacofonia de notícias incompletas, desinformadas, conformadas ou rebeldes. 

Procuro o centro. O silêncio no meio do ruído. Procuro o norte solar, para lá do cabo do medo. Este medo que nos aprisiona há tanto tempo que já nem nos recordamos do seu nome. E, de tão habituados, já quase nem sentimos a mordida do seu látego. Acordo e sei que somos muitos. Somos mais, muitos mais do que os outros. E, no íntimo, sabemos para onde queremos ir. Só precisamos que nos recordem. 

Só precisamos que nos acordem.
Os caminhos do mar não têm segredos para o povo de marinheiros que somos. É por aí que podemos rasgar novas estradas e recriar mapas que não vêm nos mapas. Os mapas das estrelas. Os mapas do coração. 


Vamos?


Onda sagrada me leva
[créditos imagem: Deep sea creatures]


Mariza & Tito Paris 2008 Terra #7 Beijo da Saudade

segunda-feira, outubro 12, 2015

«Ela pediu desculpa ao sapinho mas...»

A minha grande amiga Mozzaic, que vive em Las Vegas, contactou-me hoje com a seguinte mensagem:
Hoje estive a falar no Skype com a Iris e ela disse-me que odiou fazer a dissecação de um sapo para ciências. Ficou muito contrariada, pediu desculpa ao sapinho por esta a fazer-lhe aquela maldade mas precisava da nota. Que tal sugerir que as crianças têm direito a recusarem-se fazer crueldade aos animais, sobretudo agora que há vídeos interativos que substituem o ter que fazer uma crueldade para aprenderem. Eu pessoalmente sou contra esse método de ensino. E tu? O que achas?

Virtual frog dissection 

Respondi de imediato: «Acho ODIOSO». Há dois anos, a minha neta Maria desabafou comigo, pouco antes de uma aula: «temos de dissecar uma rã, mas não vou conseguir, acho horrível». Aconselhei-a a invocar «motivos éticos», o que ela fez. A professora aceitou, e não a penalizou na nota.  
Factos: muitos milhões de animais são dissecados todos os anos, no mundo inteiro, em aulas do ensino secundário e universitário (nalguns países isto começa na escola primária). Cada um destes animais retalhado e morto representa uma vida desperdiçada, e um contributo decisivo para uma mentalidade que encara o abuso de animais e do ambiente como natural e útil.
Cada um destes pequenos seres torturados em nome de uma falsa ciência – dado que existem muitas outras formas de se estudar anatomia – reforça a insensibilização de todos e cada um destes futuros adultos, face à natureza e aos outros seres que partilham connosco a casa comum, a Terra. E, consequentemente, a indiferença perante o Outro – humano ou não humano. Desde que pertença a um grupo diferente.
No ensino básico e secundário, as rãs constituem os exemplares mais utilizados. Mas também são utilizados ratos, coelhos, vermes, insectos, fetos de porcos, cães e peixes. Muitos são adquiridos em unidades de reprodução animal que os oferecem aos estabelecimento de ensino, destinando o grosso da produção aos laboratórios que utilizam animais nas suas experiencias. É um negócio que movimenta milhões, e só isso explica a sua existência… Alguns – segundo os estudos levados a cabo pela PETA – são caçados nos seus habitats naturais. Outros são animais de companhia roubados aos seus tutores ou até abandonados por estes.
O que podemos fazer? O que é justo e o que é certo. Invoquem-se motivos éticos, cívicos, ambientais. Leve-se o tema às reuniões das escolas. Porque há muitas outras formas de fazer ciência. Há programadas de computador que tornam obsoletos estes exercícios de falsa ciência. O que não dispensável é a saúde mental e psicológica das crianças e dos adolescentes a quem este tipo de exercício embrutece ou fere por demais. Ambas as consequências são terríveis. 
Nota positiva
Na Índia a PETA disponibilizou, gratuitamente, um softwear que permite aos estudantes aprenderem a dissecar sem terem de utilizar animais nos laboratórios. Acrescentem-se que a utilização massiva de rãs nestes exercícios está a colocar em perigo a biodiversidade pelo extermínio destes animais. Ver: Virtual Frog Dissection 

domingo, outubro 11, 2015

PAN na Assembleia da República

A marcha de encerramento da campanha eleitoral do PAN - da Praça do Chile ao Chiado foi assim
Esta imagem traduz bem o espírito de alegria que animou toda a nossa campanha até ao seu encerramento. Com muito pouca mediatização ao longo de uma campanha feita com entusiasmo, alegria, boas vontades, muita entrega, e uns irrisórios 30 mil euros em gastos, sentíamos, de Norte a Sul, que íamos ter um bom  resultado. Ou como dizia André Silva, o presidente do PAN, «que íamos ser a surpresa positiva das eleições».

E fomos.

Nestas legislativas, o PAN tornou-se a 7ª força política em Portugal, com 74.656 votos em território nacional (1,39%). Ficou assim à frente de todas as outras pequenas forças políticas, como o PDR de Marinho e Pinto, o PCTP/MRPP; o Livre, de Rui Tavares; o Agir de Joana Amaral Dias. Aparentemente, os resultados nos círculos da Europa e fora da Europa não vão contar. Aparentemente, chegaram tarde...

http://www.pan.com.pt/comunicacao/noticias/item/742-pan-na-ar-2015.html
André Silva, deputado pelo PAN à assembleia da República, no discurso da vitória

André Lourenço e Silva é um novo deputado no parlamento. Com uma agenda poderosa, compassiva, ética e de uma grande amplitude. O dilúvio de entrevistas que se sucederam à eleição, trouxe ao de cima a grande injustiça com que o PAN foi tratado durante quase toda a campanha, pela maior parte dos órgãos de comunicação social. Mas tem servido para esclarecer muita gente e para alargar o debate das ideias trazendo para a agenda do dia a defesa do direito à vida e ao bem-estar de todos os seres sencientes e a urgência da promovernos  uma maior harmonia ecológica.

Para quem achava que este era um «partido de freaks, ou tias e tios fanáticos de cãezinhos e gatinhos» a surpresa não se ficou por aqui. As 160 medidas do nosso programa foram pensadas, debatidas e trabalhadas durante muitos meses. E estão equacionadas com toda a clareza. A mesma clareza de linguagem que André Silva transmite em todas as suas prestações radiofónicas, jornalísticas, televisivas. Os elogios começam a chegar dos lados mais imprevistos. Fora a catadupa de mensagens que, de vários países, nos chegam por parte de políticos e activistas que se congratulam com esta pequena grande vitória de todos.

Pessoas, Animais, Natureza.