quarta-feira, março 30, 2011

Timóteo goes to Porto




Várias pessoas na organização (TEDx O'Porto) terão pensado, e com toda a legitimidade, que a exigência de levar um cão connosco tinha fumos de "vedetismo", quando na verdade esta logística prende-se com questões patrimoniais e de sobrevivência. Nas duas vezes que o deixamos só por pouco tempo: destruiu por completo o interior do carro; abriu a porta da rua depois de ter deitado para o chão várias coisas. De ambas as vezes a alegria e o nervosismo com que nos recebeu foram tocantes, embora ficássemos naturalmente zangados com as avarias... 
Não sabemos e nunca iremos saber que tratamento terá sido dado a este cão que o tornou (ainda) tão dependente da nossa presença. O abandono, só por si, explica a sua aflição. Mas deve haver outras fontes de maus tratos. Por exemplo, o deixarem-no dias a fio sozinho. Passearem-no muito pouco. Estimularem nada a sua tremenda inteligência. Já conseguimos que fique um dia inteiro com estranhos. No Porto uma querida Amiga, Maria Elisa Seara Cardoso Perez, tomou conta do Timóteo por dois dias. Correu a casa toda, meteu o nariz em todo o lado, adorou o jardim de onde espreitava os gatos das redondezas e os cães dos jardins vizinhos. Ao fim de umas horas, ele choramingava, mas adaptou-se muito bem, com todo o carinho que ela, e a família, filhos, netos, lhe dispensaram.  Entretanto, conseguiu abrir as DUAS portas que dão para a  rua, com fechos distintos e formas de abrir diversas. Foram dar com ele deitado na rua a olhar com muito atenção pessoas e automóveis. Voltou para dentro sem problema. À noite recebia-nos com uma alegria transbordante. Conseguimos ficar no único hotel no Porto que aceita cães maiores do que gatos. O excelente Tiara Park, ex-Meridien. 

quinta-feira, março 17, 2011

Programa TEDx O'porto

Falta já muito pouco tempo para o arranque do TEDx O'Porto.
O Programa aqui vai. Vem gente de fora, de longe, de propósito para este acontecimento que envolve, de certa forma, toda a cidade. Basta seguir o que acontece pelas ruas.

quarta-feira, março 16, 2011

serões da lua negra

E se tudo que vemos, ouvimos, sentimos, cheiramos e tocamos não fosse senão uma ínfima parte da realidade, a ponta de um incandescente icbergue de onde, no precário equilíbrio de viver, espreitamos pelo buraco da fechadura do universo?

sábado, março 12, 2011

plantar uma árvore em Espariz

quatro filhos, nove livros (por enquanto)... faltava a árvore? Já está. Na quinta da Cristina, em Espariz. Sob a orientação do senhor António, com a Adelaide a olhar de longe. Um frio de rachar, digo-vos eu.
É uma ameixoeira. Vai crescer no meio de muitas outras árvores dos mais diversos frutos, algumas das quais plantadas, também, por amigos. Depois, no pomar com que ela sonha, vamos ter uma placa com o nome. Todos juntos num pedaço de chão negro e fértil, terras maravilhosas onde ainda existem joaninhas, abelhas, minhocas e cobras, coelhos bravos, raposas tímidas e muitos pássaros. Desses que andam soltos pelo ar.

sexta-feira, março 11, 2011

O segredo da Islândia

Um país na bancarrota tomou os seus destinos na mão e resolveu os seus problemas. A breve história da Revolução Islandesa é alvo do silêncio total da imprensa do mundo todo. Como se passaram as coisas? Demissão em bloco de todo um governo inepto, nacionalizaçao da banda, referendo para que o povo decidisse sobre as medidas económicas transcendentes, prisão para os responsáveis da crise, reescritura da constituição aprovada pelas cidadãos.
Não admira que não se fale disso. Mas há quem rompa o bloqueio: http://www.facebook.com/notes/pedro-pozas-terrados/los-ciudadanos-de-islandia-dan-una-lecciÓn-al-mundo/10150117235782068

sábado, março 05, 2011

O mundo de André no Portugal profundo

Porque é que quis ser escritora? quando escreveu o primeiro livro? por ter vivido em Moçambique e em Angola isso influencia a sua escrita, porquê?, o André dos livros chama-se André por causa do seu filho André?, porquê?, tem algum ritual quando começa a escrever, e quanto tempo demora a escrever um livro? o Timóteo, o seu cão, já entrou nalgum livro? vai entrar? há quanto tempo ele está convosco? consegue levar uma vida como as outras pessoas quando está a escrever ?, a sua família inspira-a? Onde vai buscar a inspiração?, quando percebeu que queria ser escritora? Gostou de viver em África? Que conselhos nos daria se quisermos ser escritores?, está a pensar escrever sobre a vida do Timóteo? porque é que estudou história se queria ser escritora? tem saudades das suas outras profissões? quando foi artesã vendia bem? vai voltar a fazer pulseiras e colares? Como é era viver em Moçambique? E em Angola? Qual foi a profissão que mais gostou, de todas as que teve? Tem saudades do jornalismo? Não quer deixar o Timóteo a viver connosco? Não? oooooooooh.

Várias turmas, mais de uma centena de alunos. Em Santa Comba Dão e em Sátão com direito a entrevista ao jornal de uma das escolas. Pré-adolescentes e adolescentes. Em salas grandes, e anfiteatros cheios. Atentos, curiosos, intrigados, cheios de brilhos nos olhos. Confrontando-me com os meus escritos, no blogue, e com entrevistas dadas sobre os já nove livros publicados.
Tenho saudades de dar aulas, sim. Foi assim, com sol, chuva e farrapos de neve, no Portugal profundo. Onde Maria Adelaide Coelho da Cunha e até António Variações foram chamados ao quadro de honra. Pelos mais velhos está bem de ver.

quinta-feira, março 03, 2011

O André e o Timóteo em Santa Comba

Nem sei bem qual fez maior sucesso. O André está realmente a tornar-se um caso: dúzias de livros para assinar, e mais não foram porque esgotaram! Um trabalho excelente e em rede, com o estimulo de professores, bibliotecários, o impulso da livraria Okiosque, e a adesão dos alunos do 6º ano do AEJ de Santa Comba.
E como por Santa Comba Dão tambem passou a Maria Adelaide Coelho, foram vários os leitores que se apresentaram também com a sua biografia para eu autografar. Uma troca de telefonemas permitiu localizar o Hotel Vininha onde o Manuel Claro se hospedou enquanto arranjava casa para ele e Maria Adelaide viverem, quando fugiram de Lisboa em finais de 1918. Foi aqui, também, que ela foi apanhada pelo marido e pelo filho, e levada para o Porto, onde dois dias depois era internada no Hospital Conde de Ferreira.
Em breve, as fotografias deste dia pleno, de uma luz incomparável, com almoço junto ao rio Dão, no excelente Quota Máxima. Junto da margem, alguns pescadores em cujas linhas se ensarilhou o Timóteo que se lançou à agua, nadando alegremente em direcção aos patos selvagens que lhe trocaram as voltas...
Amanhã mais alunos, mais uma escola. Em Sátão.

terça-feira, março 01, 2011

O André vai a Santa Comba Dão

e a Satão. Aí, duas escolas esperam-no. Sobretudo para falar da sua última aventura, André e o Segredo dos Labirintos.
Falar para adolescentes é sempre um enorme desafio. Há perguntas que me deixam sem resposta. Não tenho vergonha nenhuma de admitir. Uma vez perguntaram-me se determinado passo numa aventura era um sonho ou uma realidade. Respondi honestamente:
- Não sei.
Ainda hoje me cruzo nas ruas aqui do bairro até ao Chiado com rapazes e raparigas que assistiram ao lançamento desta última aventura, no liceu Passos Manuel. Alguns vêm falar comigo. Reconhecem-me mais pelo cão, porque é para o Timóteo que toda a gente olha. Eu sou uma espécie de extensão que ele leva na ponta da sua trela. Acho que podia andar de rolos na cabeça que ninguém dava por isso. Mas, e numa escola, a mensagem que o Timóteo leva reforça ainda mais uma das mensagens da colecção. O André adora animais. Respeita-os profundamente. Envolve-se em lutas para os defender, mesmo quando são rafeiros e abandonados. Sobretudo quando são rafeiros e abandonados e toda a gente os trata mal.
Ora o Timóteo tem a sua história de abandono para contar. Com o final feliz que todos conhecemos. Ganhou uma família muito alargada. E nós ganhamos tudo com ele.