terça-feira, junho 27, 2017

Elefantes e rinoceronte na corte do Venturoso


Amanhã, quarta-feira dia 28 de Junho a partir das 14.00, estarei no auditório do Museu Nacional de Arte Antiga como  oradora no colóquio Animalidade Representação e História, cujas propostas vão no sentido de se debater o nexo entre humanidade e animalidade, a partir de representações do animal sedimentadas nas categorias do pensamento histórico e filosófico contemporâneo. As mesas contam com a presença de investigadores, intelectuais e escritores de diferentes formações, incluindo a Filosofia, a História, as Artes e a Literatura.  

Vou recordar um episódio passado no século XVI, em Lisboa, quando D. Manuel I resolveu acarear o conhecimento tradicional, ancorado nos Antigos, com a experiência «madre de todalas cousas». Como? Colocando frente a frente um dos seus elefantes indianos e o famosíssimo rinoceronte que Durer veio a imortalizar. Recriando um circo à maneira «dos romãos» para confirmar se estes dois animais se odiavam  lutando até à morte... de um deles pelo menos quando se encontravam. O espectáculo, que terminou de forma inusitada, não fez correr nem uma gota de sangue dos dois mas é mote de muita reflexão. Damião de Góis imortalizou o evento ( Crónica do felicissimoIV, cap. xviii)
 Luta entre o elefante e rinoceronte, inimigos naturais (sec. XIV), Saltério da Rainha Mary
Medieval Bestiary (Royal MS 2 B. vii Gallery)
A 3 de Junho de 1515 dia da Santíssima Trindade, em Lisboa, um elefante e um rinoceronte, duas «bravíssimas e espantosas alimárias» da novíssima geografia das Descobertas, foram postas num pátio, diante da antiga Casa da Contratação da Índia e da Guiné, ao Paço da Ribeira. De acordo com a tradição assente numa corrente literária e científica de muitos séculos, estes animais, cuja força e astúcia andavam a par, temiam-se e odiavam-se a tal ponto que quando se encontravam lutavam até à morte. De um deles, pelo menos [...]  
Sintam-se convidadas/os. A entrada é livre e todas as palestras prometem ser fascinantes.