quarta-feira, junho 27, 2012

Cozinhar com excelência. Em português.

Uma salada muito simples. Tomate, um fio de azeite, flor de sal e orégão. Peixe grelhado no ponto. Pão de cereais. Três batatas cozidas ao vapor, polvilhadas de salsa picada. O jantar de ontem, tão simples, pôs-nos a falar sobre alimentação e sua simplicidade essencial: na essência, não há transcendência. O ponto certo do calor, o tempo exato de o aplicar, o tempero perfeito. E tudo português. O melhor azeite do mundo qual é? O melhor sal do mundo onde se encontra? E o peixe atlântico ao pé da porta, nas águas ainda frias que banham as nossas costas?
A conversa, longa, saltitante, hilariante por vezes, preencheu todos os momentos de saborear.
Sugestões:
Orégãos: comprem-nos aos molhos, na praça, NUNCA em pacotinhos de supermercado. Ou então, na Ervanária Rossil que os conserva na perfeição e vende mínimo 100 grs. que se aguentam muito bem e muito tempo.
Azeite: do produtor, de preferência. Visite o portal do Azeite, com noticias, prémios de excelência e marcas, região a região.
Sal: grosso, marinho, ou flor de sal de Castro Marim (a Vida Portuguesa entre outras, vende e envia à cobrança em embalagens lindíssimas, veja o blogue).
Sugestão adicional, uma visita por um blogue muito bem feito, com excelentes referências à dieta mediterrânea: Comer bem até aos cem.

segunda-feira, junho 25, 2012

O André: is this the little boy at play?


O André está quase a fazer anos. Aqui, nas fotografias, é ainda bebé de colo. Nesses tempos, vivíamos em LM, actual Maputo.
Agora, o André e a sua lindissima Ana, estão quase a ser pais,
Com estas recordações, a irresistìvel memória de uma canção e do filme magnifico, Um violino no telhado:

«is this the little girl i carried,
is this the little boy at play?

i don't remember growing older,
when did they?

when did she get to be a beauty,
when did he grow to be so tall?

wasn't it yesterday when they were small?
 [...]

Para ver mais:

sábado, junho 23, 2012

A floresta dos lilazes

Já tinha saudades de estar no Boas Notícias de que um calendário muito apertado -- entrega e correção de originais -- me afastou durante um mês. Regressei agora com memórias de infância, a propósito de uma pergunta que um aluno me fez, durante um encontro com leitores da minha coleção juvenil «O Mundo de André» pelas escolas no norte do País.
Um extracto da crónica:

«E sim, tive memórias fundadoras na leitura, como decerto todos nós.
O que me leva aos fundamentos do ser. À infância. Às primeiras letras, aos primeiros encantos e viagens e transfigurações que a leitura não só nos permite como estimula e incentiva. Sem isso seríamos infinitamente mais sós e mais pobres.

E é assim que dou por mim na Floresta dos Lilases.
Para ler mais:
http://boasnoticias.clix.pt/noticias_Tempo-dos-milagres-A-Floresta-dos-lilases_11583.html


segunda-feira, junho 11, 2012

No meu livro, a rainha come em silêncio

com toda a gente a olhar para ela. O rei está longe, ela está só no meio de toda a corte, mas o espectáculo tem de continuar  e o momento da refeição real é de visível aparato. Entretanto, ela, a rainha, come pouco, desdenhando de quase tudo, e mantendo-se alheada ao burburinho em seu redor.
No meu sonho, o rei que não é rei, mas sim figura tutelar masculina, come em silêncio. Aparentemente, eu sou sua convidada. Mas para meu imenso e silencioso espanto, só ele é servido, e só ele come. Remoendo seus secretos pensamentos e suas iguarias. E olhando, de vez em quando, na minha direção.

domingo, junho 10, 2012

Do cabo dos medos ao cabo da hoa esperança

Hoje, Domingo 10 de Junho,  no Jardim da Estrela, junto ao coreto, vão ser debatidas e apresentadas propostas para os  novos e exaltantes tempos, embora tão dificeis, que estamos a viver.
O programa conta com vários oradores e soluções plurais e abrangentes. Como tudo o que o PAN tem vindo a defender.
«Tempo de sonhar. Do cabo dos medos ao cabo da hoa esperança»: é o tema que me propus desenvolver em cinco minutos.
Começa às 19 horas. Antes, pelas 18, uma aula de ioga para todos os que quiserem participar.
Cliquem para ver em detalhe.

nada é maior que amar

Amar amar amar
só vale a pena
se tu quiseres confirmar
que um grande amor não é
coisa pequena
que nada é maior que amar


quinta-feira, junho 07, 2012

Em nome da bola amén

Na Ucrânia, por causa do futebol, animais abandonados são queimados vivos, cães basicamente, e foguetes com substâncias altamente tóxicas são disparados para manter o céu sem nuvens. Ambas as ações decorrem da mesma alarvidade demoníaca. Robert Heinlein escreveu, num das suas obras de ficção científica, que quando num planeta se começava a exigir bilhete de identidade, era altura  partir para o espaço à procura de outro. Eu digo que quando num mundo se atinge tanta maldade, de que este exemplo é a ponta do icebergue de horror, é altura de ir embora sem saudades.

Mas...

Eu digo: quando num mundo o horror e o intolerável são tolerados e decretados, é preciso juntar todas as vozes e todas as forças do mundo dos vivos que vivem realmente, para pôr cobro a este inferno decretado pelos sem alma e de coração morto.


Contributos:
 http://sinfoniaesol.wordpress.com/2012/06/06/na-ucrania-o-euro-nao-tem-chuva/
 http://pt.euronews.com/2012/01/26/morte-de-animais-da-origem-a-manifestacao/
 https://www.facebook.com/nunomarkl/posts/10151006908177387

sábado, junho 02, 2012

O caçador de fantasmas

Ver, ver, ele não vê. Ele sente, detecta, encurrala e expulsa fantasmas. Basicamente, fareja-os num raio de muitos metros. Por exemplo, estamos a jantar, a conversar, a rir - porque ele é muitíssimo divertido - e de repente faz uma pausa e diz, hum hum, e saca do pêndulo, ou nem isso, e afirma com uma total convição:
- Vocês têm aqui um espectro.
A seguir passeia pela casa, que ainda é grande, e encontra-o. Normalmente acaba por descobrir mais um ou dois aninhados em cantos junto de tomadas de corrente - «por causa da energia», explica - e depois faz a cena dele. Que é como quem diz, manda-os dar uma curva. Ninguém, além dele, vê, sente, pressente, seja o que for. Nem o cão. Mas é irresistível segui-lo, não muito perto, porque ele não deixa, enquanto abre janelas, estala os dedos, fala com o invisível, e limpa o nosso lar.
- Não é por nada - explica - é por tudo. Os espectros sacam uma data de energia às pessoas. Aí por volta das três, quatro da manhã, acordam da letargia, e colam-se à malta, a sugar o mais que podem. Muitos pesadelos que as pessoas têm é por causa disso.

A princípio, sentíamos uma espécie de medo. Não por causa do invisível, mas pelo visível deste aparato. Olhávamos um para o outro, ou uns para os outros, ou tentávamos nem olhar de todo, a fazer de conta que é  tudo muito normal, apesar do friozinho no estômago, ou do desconforto da antevisão de grades nas janelas e camisas de força... «estamos todos doidos, é isso?».
- Eu estou, de certeza absoluta - responde ele.

Tem um maravilhoso sentido de humor, um belo apetite e um enorme coração. E uma incrivel acutilância em áreas de acesso restrito. Nas últimas vezes tem falado de algumas das suas viagens que são tão extraordinárias como tudo o resto. Mas agora,  nada do que diz ou faz nos perturba. Gostamos dele. Gostamos mesmo muito dele. Ele é como é, e aceitamo-lo inteiramente assim. Com o seu universo de invisibilidades e probabilidades e outras singularidades, entrou no nosso pequeno mundo, abencoou-nos com a sua amizade, e alargou decididamente o meu, o nosso, irreal quotidiano.

sexta-feira, junho 01, 2012

Lisbon stories by Lapin Géant

Nunca estivemos muito afastados, porque há a internet e assim. Mas aquelas conversas intermináveis, no átrio da Nova, na cafetaria da Gulbenkian, na TT, e na Bijou do Calhariz, e depois na Flower Power, foram arquivadas pelas imperativos da vida transcontinental do Lapin Géant. A Rita, que entrava sempre, ou quase sempre, nesses filmes, também me faz uma falta de todo o tamanho, mas agora está enfiada atrás das montanhas, numa paisagem de cortar a respiração, com uma casa cheia de quartos à espera que os amigos apareçam, enquanto prossegue nas suas arqueologias. 

O Edilson também está longe. Ainda por cima éramos vizinhos e tnhamos a nossa agenda de biquinhas e cervejinhas, pelo menos uma ou duas vezes por semana, mais as conferências a que estava sempre atento, não me deixando escapar às mais estimulantes. Também estava muito presente nos longos serões e tardes e manhãs em que o tempo se enrolava em torno dos seus múltiplos eixos. Um historiador de palavra cheia, e um compincha divertidíssimo. É verdade que continua a insistir que estamos à distância de 50 euros e duas horas de avião, descrevendo-me a sua casa diante do lago Genebra com as cores mais apetitosas que se possa imaginar.

Mas o que sabe mesmo bem são  estes encontros inesperados, no calor lisboeta deste Verão, onde sem ninguem combinar grande coisa, apanhámos o Dk o Timóteo, e acábamos a conversar e a trocar os cromos dos últimos acontecimentos das nossas vidas e das nossas vidinhas. Desta vez, com direito a uma inesperada performance de bailado aqui mesmo na rua, no lindíssimo Largo do Século. Trabalho de alunos finalistas da escola superior de dança. Momentos mágicos.
«As saudades que tinha de Lisboa» - diz o Lapin, que no domingo vai para o Brasil e a seguir voa para os States onde prossegue o doutoramento. Entretanto a sua Joana chega hoje de Paris, também ela radiante por rever esta Lisboa onde viveu anos importantíssimos e reencontrar o seu amor que por imperativos académicos, tem estado longe.
Que belo abraço, finalmente!