sexta-feira, dezembro 21, 2007

Jardins secretos, cavernas e subterrâneos de Lisboa

A função do "subterrâneo" em duas narrativas: impressões pessoais
GONZAGA, M., (2001); Jardins Secretos; Lisboa; Gótica. Jardins Secretos de Lisboa, 3ª Ed. (2006), Âncora.SARAMAGO, J., (2000); A Caverna; Lisboa; Caminho.


Jardins Secretos e A Caverna pouco terão em comum. À partida pelas dimensões sociais dos autores, Manuela Gonzaga é mulher e nasceu no Porto, José Saramago é homem, muito mais velho e nasceu numa aldeia ribatejana. Os livros, por si, levam-nos em rumos diferentes: aquele através de um caminho iniciático pretende chegar a bom destino, por uma Lisboa de memórias ardidas, pessoas e movimentos, a cidade de 1755 e do Chiado em chamas. Neste, a alegoria de uma outra alegoria, a de Platão, transplantada para próximo de nós pelos sujeitos que a protagonizam e pela realidade que constitui. Perigoso matrix para quem a vive e cuja fuga, suspensa, corresponde às piores perspectivas para a humanidade. Muito próprio do pessimismo de Saramago. Mas aquilo porque os trago aqui é pela função, essa sim idêntica em ambos, em que os "subterrâneos", o subsolo das realidades aparentes, e com eles o gesto da descoberta, momento arqueológico para os autores na forma como é abordado. Talvez valha a pena arriscar-me a dizer que há "arqueólogos" em sugestão nos protagonistas, revelados através da passagem ritual, como que iniciática, ao subterrâneo, ponte para um passado oculto, ao mesmo tempo chave para o desfecho da história (...)
retirado de: ARQUEOLOGO ANARQUISATA
http://oarqueologoanarquista.blogspot.com/2005/01/funo-do-subterrneo-em-duas-narrativas.html

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