terça-feira, junho 03, 2008
Green & Peace
Um dia hei-de contar a história do Green Man de Morningside Road, que já não mora ali porque entretanto ia para a Guatemala, e dali para não sei onde. Nunca fica mais de quatro anos em lugar nenhum, diz ele. Já viveu no Vietname, na Austrália, no Punjabe, num ilha do Japão cujo nome esqueci, e em mais uma porção de lugares que não consegui fixar e nem sei bem onde ficam. Quando chega a qualquer lado, diz ele, transforma a casa onde vive numa estufa que enche de plantas das mais desvairadas proveniências. Quando se vai embora oferece-as como quem oferece cães e gatos de estimação: a quem provar que as estima. Nas duas ou três horas em que chegamos a comunicar permitiram-me aceder ao Santo dos Santos da sua doméstica e exótica floresta tropical, um quarto humido e quente, camuflado entre armários e trepadeiras, onde, ao som de reggae e sob uma luz amarela doseada em horário cronometrado, cresciam uns viçosos pés de marijuana. "Erva como a minha não encontras facilmente. Estas folhas são abençoadas. Não há cá quimicos, nem porcarias. Devias provar" Declinei a prova. A última erva em que toquei foi um boi-cavalo angolano que me levou á desfilada em viagem que não vou esquecer, mas não quero repetir. Foi há muitos anos. Muitos anos mesmo. O Green Man não insistiu. Falámos mais um bom bocado, e depois ele passou-me o seu email e ofereceu-me uma linda ficus benjamina. Eu dei-a à Nora, porque não podia carregar com ela no avião.
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