O casal sorridente está também ligado a esta história. Maria da Encarnação Cardoso Barbedo tem mais quatro irmãs. Por um triz as cinco meninas podiam nem ter nascido! O pai, José Dias Cardoso, estava acabar o seminário em Lamego quando o «crime» foi conhecido. Não lhe dizia respeito, a não ser de forma indirecta. Seu pai e sua mãe tinham recebido Maria Adelaide Coelho da Cunha em sua casa. Alberto Cardoso estava na prisão quando o filho foi expulso do seminário. O futuro padre, excelente aluno, não tinha nada que se lhe apontasse, a não ser o «crime» de solidariedade cometido por seu pai.
Maria da Encarnação recorda que o avô Alberto, quando saíu da cadeia, teve de emigrar para o Brasil para fazer face às dividas. «As terras ficaram todas empenhadas, foi muito dificil. E o meu pai começou a trabalhar como serralheiro e como armeiro, também para ajudar a pagar essas dívidas». Era um músico, um artista, fundou na aldeia uma orquestra de cordas. Violino, guitarra, cavaquinho, acordeão. Escrevia as cartas dos conterrâneos analfabetos. Desenhou os altares da igreja, concebeu a sua escadaria. Quando acabou de pagar tudo, ele e o pai com as remessas da emigração, poucos mais anos viveu. Aos 39 anos, de uma febre, partiu. «Deixou-nos a maior riqueza que pode haver. Todas nós estudámos. Umas são professoras, outras funcionárias. Tivemos um modo de vida».
O marido, Manuel Fernando Duarte Barbedo, também tem ligações colaterais à família de Manuel Claro. Os dois mostraram-nos a aldeia e ajudaram-nos a encaixar as imagens nas memórias.
2 comentários:
Gostei de ler este post..aprecia-me saber que existe um livro que fala da Aldeia do Rossão....muito obrigado.
Uma terra lindissima, o Rossão, em toda a sua envolvência.
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