domingo, janeiro 31, 2010

Mudar de ideias, ou once upon a book

Mudei de ideias sobre o e-livro. Na verdade, já leio muitas coisas directamente na net, e afinal o suporte da palavra tem sido muito diverso ao longo da história. Escrevemos na pedra, em tabuinhas de argila, sobre pergaminho ou papiro. Nem a forma foi sempre igual.
Afinal, o que importa, o que sempre importou, foi a palavra, essa dádiva dotada de mente, que transcende tempos e modos. O lamento da criança suméria, que há milhares de anos atrás se queixa num desperdício de argila, da severidade do professor, da dureza dos castigos físicos, e das horas infinitas que passa na escola, e de como o pai amaciou o coração áspero do mestre com presentes e refeições, não envelheceu um segundo. Os grafittis romanos não são muito diferentes no conteúdo dos grafittis que com que nos deparamos em todas as cidades. Recados de amor, mensagens de ódio, calúnias, provocações, alertas, graças com ou sem piada, avisos.

Pronto, mudei de ideias, sim. Estou pronta para o e-livro. Vou comprar o suporte, quando inevitavelmente baixarem os seus preços.
Ah! Mas esse suporte não dispensa, de forma alguma, o outro. O livro em formato físico, que ocupa espaço, que tem forma, cheiro, peso, marcas, que se desfolha e também envelheçe, mas nunca tanto como nós.
Não conseguiria viver sem eles.
créditos imagem:Fixeiros Suméria, Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sumerian_MS2272_2400BC.jpg

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