No mundo que percorro na tua ausência, encontro muitas vezes a marca dos teus passos de quando atravessavas dias resplandecentes como quem cruza ondas de incerta luz, o corpo gotejante a sair do mar do tempo.
Depois vieram as sombras.
Os silêncios.
As ausências.
O braço que empunhava a lança, perdeu o alento e passou a apontar o pó dos caminhos, sempre enredados e tão iguais. Também costumavas referir o barco encalhado numa praia do Sul, as velas rasgadas numa longuíssima tempestade. Mas o teu corpo moreno e gasto não era da natureza daqueles que jazem, abandonados pela areia à espera de correntes que os prendam ou dissolvam.
Nesses tempos, falavas de uma Viagem que perdera o encanto breve. E usavas a palavra saudade para falar de outras coisas.
Mas o que sei é que te foste embora porque não eras de cá. Tu, e todos os Estrangeiros, sabem muito bem do que falo.
Por isso nos reconhecemos desde a primeira hora. Também gostavas de dizer que o nosso fora um encontro agendado num rodapé da eternidade. Mas dessas coisas eu nada sei.
Sem comentários:
Enviar um comentário