sexta-feira, fevereiro 08, 2013

O meu primeiro livro publicado

Normalmente, a maravilhosa aventura de vermos o nosso primeiro livro editado e publicado, redunda na mais completa frustração. O jovem autor - mesmo que não seja tão jovem assim - está totalmente «verde» em relação aos meandros de uma indústria sobre a qual tem uma ideia muito romântica. Tudo isso, somado à gratidão que experimenta ao assinar o primeiro contacto de edição, «gostam do meu livro, vão publicar-me! Iupiii», conduz a uma relação sem futuro que terminará como terminam todas as relações desiguais.

É quase curricular que «O meu primeiro livro publicado» coincida com o primeiro grande desgosto no cursus honorum de um autor. As histórias que se ouvem e partilham neste campo davam para muitos outros livros. São lições que se colhem e, nesse sentido, têm uma grande utilidade. Mas aceitem este conselho do coração: não paguem, jamais e em circunstância alguma, para serem editados, a menos que se abalancem a uma edição de autor. Se um editor vos pedir dinheiro para publicar o vosso livro, não confiem nele nem na sua máquina de fazer dinheiro à vossa custa.Imaginam um merceeiro a exigir dinheiro ao agricultor para lhe vender as maçãs ou as batatas da sua produção? Mas escrever não é menos trabalhoso do que plantar batatas ou apanhar maçãs. Assim, se um editor invoca os dramas económicos da existência para não arriscar um eurito que seja na vossa obra, virem-lhe as costas. Na verdade, se ele paga à gráfica, à distribuidora, e a toda a máquina que envolve a indústria do livro, porque raios e coriscos o quer fazer a expensas do coração e do seu sangue que fazem girar a dita máquina, ou seja, a nossa escrita?

Em síntese, uma das primeiras lições que o autor aprende, e quando mais depressa a aprender melhor, é a dizer não. E a perceber que um contracto de edição, tal como todos os outros contractos, tem de ser favorável a ambas as partes. Leiam-no com todo o cuidado, e levem-no a um advogado que perceba de direitos de autor. Jamais assinem de cruz, na embriaguez de gratidão e alegria em que todos começamos por cair, nós os autores.

E em seguida, procurem um bom, um honesto, um empenhado e aguerrido editor/a. Acreditem que tal personagem existe e não desistam de o/a encontrar. Essa é, pode e deve ser, uma relação para a vida. Merece o nosso maior empenho.





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