Por mim, punha-as quase todas. Mas de seleção em seleção, chegámos por consenso a um apuramento, que depois, na editora, foi ultimado. Ainda não sei quantas serão, nem quantas páginas. Aguardo, na próxima semana as maquetes finais do extratexto para legendar.
Assim, o livro já fora das minhas mãos e ao cuidado de muitas outras, atentas e dedicadas, toma cada vez mais corpo e forma, mas continuo presa a ele. Até ao momento em que me chegar a encomenda dos exemplares a que tenho direito, e que eu recebo como sempre: corto o fio da embalagem, ou a fita adesiva da caixa, considerando que se trata de uma espécie de fio umbilical, e peso um dos exemplares, tomando nota da hora e do minuto a que me chega às mãos.
Se fosse uma pessoa muito organizada - e sou, mas de acordo com as omnipresentes leis do Caos - eu teria esses ficheiros organizados. De vez em quando, ao azar das arrumações encontro um. Nos sítios mais ou menos improváveis. Por exemplo, dentro das páginas de outro livro. E esse encontro com a certidão secreta da obra, quase com tema astrológico!, faz-me sorrir. E recordar que aquele momento fora uma espécie de marco da nossa separação. Na verdade, quando os livros entram nos circuitos de distribuição, e chegam as livrarias, já não são nossos. São dos leitores que eventualmente os adquirem.
A sua, dos leitores, leitura, é todo um outro filme. O filme pessoal e intransmissível que ocorre no escurinho do cinema mental de cada um. E aí, nós escritores já não mandamos nada. São os leitores que escolhem a definição maior ou menor dos cenários, os rostos e os corpos dos intérpretes, as cenas que lhes merecem mais atenção e que irão recordar. Da mesma forma que são os leitores que escolhem ler ou não ler mais, interromper a leitura, fazer intervalos grandes ou pequenos. Eventualmente, reler. O facto deste livro vir acompanhado de fotografias, suportando aqui e além o que escrevi, não retira um átimo ao que disse.
Ler, torna-nos parte activa do processo de escrita de outrem. Ler é uma forma de criação. E nesse processo, sem sofisma, os nossos livros quando vão à vidinha deles, passam a ser de algum modo, escritos ou reescritos pelos leitores que lhes prestam atenção. Mas dessa escrita tão pessoal e singular, nunca viremos a saber nada.
Assim, o livro já fora das minhas mãos e ao cuidado de muitas outras, atentas e dedicadas, toma cada vez mais corpo e forma, mas continuo presa a ele. Até ao momento em que me chegar a encomenda dos exemplares a que tenho direito, e que eu recebo como sempre: corto o fio da embalagem, ou a fita adesiva da caixa, considerando que se trata de uma espécie de fio umbilical, e peso um dos exemplares, tomando nota da hora e do minuto a que me chega às mãos.
Se fosse uma pessoa muito organizada - e sou, mas de acordo com as omnipresentes leis do Caos - eu teria esses ficheiros organizados. De vez em quando, ao azar das arrumações encontro um. Nos sítios mais ou menos improváveis. Por exemplo, dentro das páginas de outro livro. E esse encontro com a certidão secreta da obra, quase com tema astrológico!, faz-me sorrir. E recordar que aquele momento fora uma espécie de marco da nossa separação. Na verdade, quando os livros entram nos circuitos de distribuição, e chegam as livrarias, já não são nossos. São dos leitores que eventualmente os adquirem.
A sua, dos leitores, leitura, é todo um outro filme. O filme pessoal e intransmissível que ocorre no escurinho do cinema mental de cada um. E aí, nós escritores já não mandamos nada. São os leitores que escolhem a definição maior ou menor dos cenários, os rostos e os corpos dos intérpretes, as cenas que lhes merecem mais atenção e que irão recordar. Da mesma forma que são os leitores que escolhem ler ou não ler mais, interromper a leitura, fazer intervalos grandes ou pequenos. Eventualmente, reler. O facto deste livro vir acompanhado de fotografias, suportando aqui e além o que escrevi, não retira um átimo ao que disse.
Ler, torna-nos parte activa do processo de escrita de outrem. Ler é uma forma de criação. E nesse processo, sem sofisma, os nossos livros quando vão à vidinha deles, passam a ser de algum modo, escritos ou reescritos pelos leitores que lhes prestam atenção. Mas dessa escrita tão pessoal e singular, nunca viremos a saber nada.
Algures, no Niassa, entre Vila Cabral e o Lago, na mais remota província da então Província Ultramarina de Moçambique |