sábado, setembro 17, 2016

Malkut a arder, ou o Colibri na floresta em chamas

Dedicado a todas as pessoas grandes, que parecem muito pequeninas, mas que fazem tudo o que podem sem esperar ajuda, recompensa, incentivo para tornar a Terra um pouco melhor. Dedicado aos activistas sociais, ambientalistas e animalistas de todo o mundo. Aos defensores do Reino, este, que indiferentes à troça, ao desânimo, e a todos os fantasmas que rondam à nossa volta para se alimentarem dos nossos medos e fraquezas, persistem em fazer o que é «preciso». 


Era uma vez uma floresta a arder. E era uma vez um colibri que começou a ir e a voltar do rio mais próximo com o minúsculo bico cheio de gotas de água que vertia sobre a árvore mais próxima da orla do incêndio, mesmo sob risco de ser envolvido pelas chamas. Os outros animais olhavam. Assombrados de terror. Estáticos. 
Um deles, talvez o leão, disse assim: 'Colibri és tão tolo. Julgas que as tuas gotinhas de água vão dominar o fogo incontrolável? Ainda te queimas, mazé.' 
O Colibri, sempre de um lado para o outro, respondeu assim: 'Leão, sei perfeitamente que as minhas gotinhas de água não adiantam nada. Mas estou a fazer a minha parte que é tudo o que consigo fazer. Mas se todos fizessem o mesmo, do mais majestoso, ao mais insignificante de nós, este fogo incontrolável como está, poderia ser dominado'.

(baseado num conto budista)

sexta-feira, setembro 16, 2016

As crianças vêm isto?

Cruzando o céu cinzento ao morrer do dia, gaivotas parecem aviões e aviões parecem gaivotas e no ar pesado de chuva anunciada deslizam cardumes de sardinhas por entre quilhas e mastros de navios que emergem na tarde assombrada de naufrágios. As crianças vêm isto?

A história das duas irmãs

andam sempre de mãos dadas uma traz a outra no regaço beijam-se na boca são irmãs sem uma não existiria a outra nasceram com a invenção do tempo móvel chamamos-lhe vida e chamamos-lhe morte