Trinta
Onde estão agora?
Em que vala funda se esconderam
a vossa raiva
a vossa força
o sorriso terno e amargo
da manhã clara do vosso regresso?
Onde estão
a praça do Povo
o grito a plenos pulmões
o rasgar da mordaça.
Lembram-se?
Era para sermos iguais
igual a água a fome dividida
Onde estão agora?
O meu peito estala
já não vos quero abraçar.
Que é das palavras
dos gestos
do punho?
Vossa oferta amiga
nos longos anos
abrindo caminhos
emprenhando tantos ventres de esperança
Ou era tudo apenas um disfaçe?
Jornada ténue
a nossa vida acabada em vosso proveito
Carlos Ferreira (2000)-- Ressaca, Porto, pp.49-50
Sem comentários:
Enviar um comentário