Lisboa, 13 de Abril de 09: Você na TV, e Revista Máxima.
Dia cheio. De manhã TVI, «Você na TV». Chego às 10 horas como combinado. Em 15 minutos estou maquilhada e penteada, a postos para o directo com o Manuel Luís Goucha e a Cristina Ferreira. A propósito da história de Maria Adelaide Coelho, a produção encontrou três mulheres para testemunhar sobre as suas opções amorosas. Vivem com homens mais jovens, e «arriscaram tudo por amor». Senhoras na casa dos 50, 60 anos. As diferenças nem são tão grandes assim, quer nas idades, quer nos patamares sociais de onde procedem os seus companheiros. E os riscos, bem vistas as coisas, resumiram-se mais ao medo do que as «pessoas podiam pensar» ou algum desconforto por parte de familiares. Ou nem sequer isso! Mas, e isto é que importa, os seus casamentos são felizes, e resistem há décadas à usura dos anos. Uma foi madrinha de guerra de uns 17 soldados. Apaixonou-se por um deles, e vice-versa. Estava no Norte de Moçambique. Tinha menos seis anos do que ela, e finalmente face a face, era muito mais baixo do que ela o imaginara. Casaram pouco depois dele ter voltado do Ultramar, e ainda hoje os dois se adoram. Ele era de Comunicações e não conheceu os horrores da morte em directo. Mas perdeu muitos amigos, soldados como ele, e viu outros chegarem desfigurados, mutilados no corpo e na alma, alguns para sempre. Mas nunca fala da Guerra.
Antes de entrarmos, e já no estúdio, assistimos às actuações de duas crianças, um rapaz e uma rapariga, aí de uns 9, 10 anos. Eram os eliminados de um programa onde outras crianças também cantam, não sei o nome. Iam voltar para casa, e tinham dormido umas três, quatro horas. Tinham bonitas vozes mas resulta estranhíssimo ver um miúdo daquela idade a cantar:
corpo de linho/lábios de mosto/quem faz um filho/fá-lo por gosto.
E uma chavalita da mesma idade, abanando-se ao som de um êxito das Doce, trauteando em voz fresca e infantil:
Vem amor que a noite é uma criança/ e depois/quem ama por gosto não cansa/
E por aí fora.
Entretanto, chegou a nossa vez. Primeiro, os testemunhos das outras convidadas. Depois, a «minha» Adelaide. Os apresentadores tinham, naturalmente, lido o livro, e o Manuel Luís estava maravilhado com as peripécias da senhora riquíssima que «tudo deixou por amor» ao seu Manuel Claro, motorista, motivo pelo qual ambos foram presos, ela num hospital de doidos, ele numa prisão:
– Mas acabou tudo bem, não foi? – perguntou o Manuel Luís Goucha.
– Sim. Estes dois ficaram juntos.
– Mesmo depois de morrer, não foi? – insistiu ele.
– Mesmo depois da mortos – disse eu.
E pronto, estava feito, e é incrível porque muita gente viu, mandou mensagens, passeou pelo blogue à procura de «Doida não e não!» ou de «Maria Adelaide Coelho». Ou até do nome da escritora que ali esteve a vender o seu peixinho.
Mas não acabou aqui. Táxi, Lisboa, Chiado, almoço no vegetariano, e depois passagem pela Séfora, a comprar toalhetes desmaquilhantes e uma garrafinha de água hidratante. Na própria loja, sentada num banco e com um bom espelho à frente, apliquei-me a tirar os quilos de base e pó e sombras e rimel, e pus-me a caminho de São Vicente onde ia dar uma entrevista à Máxima. E onde, mais uma vez, me puseram base, e pó e sombras e batons e rímel.
Fica para outro post.
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