sexta-feira, setembro 25, 2009

Os fantasmas da Liberdade

Todos os que rasgam caminhos de liberdade ilustram pontos de partida.
Depois, e em torno da sua gesta cria-se um ponto de chegada, rodeado de altas e orgulhosas muralhas de onde se grita: quem sair destas fronteiras é banido do céu e da terra para sempre.
Mas aqueles em nome de quem se estruturaram tais lugares de cativeiro foram, eles próprios, detractores. Rasgaram laços, quebraram grilhetas, pisaram dogmas de herança tomados, partiram sozinhos incendiados de amor à procura do único tesouro pelo qual vale a pena viver e morrer. Liberdade.
Não olham para trás. E já não estão aqui quando em seu nome se instituem clausuras, a partir das quais é proibido voar.
O mito do eterno retorno da escravidão?

imagem: capucha, in www.feitoria.com.pt

quarta-feira, setembro 16, 2009

Lisboa, o rei, os elefantes e muito mais

Era uma vez um rei que passeava pela cidade de Lisboa com quatro elefantes, um cavalo persa com uma onça de caça deitada na garupa, e um rinoceronte mais à frente de forma que os elefantes não o vissem. Nessa época, toda a gente tinha macacos e papagaios, e os cães e os gatos morriam de ciúmes. Cheirava a canela, a benjoim, a pimenta, incenso e suor, âmbar e a novos frutos e flores, sob o omnipresente cheiro de peixe, frito ou assado em fogareiros de barro, e vendido na rua. E cheirava a merda, a muita muita merda.

Crédito imagem: J. Bosch, O Jardim das Delicias, o Paraíso (detalhe), Museu do Prado, Madrid.