«E foi nesta altura que o tigre resolveu irromper pelo quintal, com tanto entusiasmo ou tamanha falta de pontaria, que se enredou nas cordas dos varões, deitando ao chão os livros que ainda se encontravam ali. Finalmente, cuspiu um Ágis de rosto iluminado de alegria, que foi aterrar um pouco mais longe da barafunda criada pelo animal.
– Voltei!! – gritou o tigre, com uma corda de livros à volta do pescoço.
– Voltámos – secundo-o Ágis num tom de voz muito mais baixo.
Parecia mais crescido, mas continuava extremamente esguio. Desfizera-se das roupas com que André o conhecera, e vestia agora uma túnica branca, muito macia, que lhe chegava um pouco abaixo dos joelhos. Na cabeça, em vez do chapéu que o tigre lhe arrancara, usava um turbante amarelo. Nos pés, três tiras de couro e uma palmilha, faziam de sapatos.
Aproximando-se de André que ainda não tivera tempo de reagir, o rapaz pôs-lhe uma mão no ombro:
– Já sei como podemos salvar Violante. Mas precisamos, eu e o tigre, da tua ajuda. Para libertar a Dama do Lago.
– O tigre passou a ser teu? – André não conseguiu reprimir a pergunta, nem dissimular a inveja que sentia, mas Ágis pareceu nem se dar conta, porque lhe retorquiu com um sorriso cheio de luz:
– Tornamo-nos um, André. Separados, eu e ele, éramos incompletos e frágeis. Juntos, temos agora um poder imenso. Se soubéssemos por onde andámos! Quanto tempo achas que passou desde que saímos daqui?
– Muito – resmungou o rapaz. – Umas quatro horas, pelo menos.
– Aqui, sim. Mas num dos lugares onde ficámos, para eu aprender o que devia aprender, vivemos quase dois anos. Voltámos à terra onde o tigre nasceu, André. Estivemos na Índia. No planeta Terra de onde tu vieste.»
pequeno extracto da próxima aventura da colecção «O Mundo de André». Brevemente darei mais informações e irei postar a capa, identificando o autor da magnífica ilustração...