Se eu fosse disciplinada este blogue estaria actualizado quase diariamente.
Mas a minha forma de organização mental e temporal deve mais às leis do caos do que às da mecânica clássica. Assim, entre o ler, o escrever, o pensar e o viver a vidinha, há linhas de convergência e linhas de divergência que me impedem, por exemplo, de ter a mesa onde escrevo sempre arrumada, aliás, as mesas por onde se espalha o meu ofício. Ou as tarefas a que me proponho sempre em dia.
Isso não acontece sempre. E sempre que isso não acontece, há uma pequena perturbação, um sobressaltado bater de assas de borboleta a cruzar os meus pensamentos, que eventualmente poderá semear sabe-se lá que furacão algures pelos vastos universos que todos atravessamos, e por onde todos andamos, mesmo que não os possamos captar, ou sequer imaginá-los a todos na sua glória, para nosso próprio descanso e sanidade mental.
Que registo é o meu, então? É um registo de marés. Nos últimos dias andei atrás de uma baleia. Foram quase duas semanas. E de repente, somei a essa viagem uma outra, ao Inferno. Agora, é só deixar assentar, e escrever sobre essas viagens tão diferentes e nem sequer complementares. A baleia continuará a ser um farol a que voltarei como quem vai a casa para retemperar forças e ganhar alento e maravilha. Já ao Inferno, que me catapultou num alucinante périplo de ida e volta, não penso voltar, pelo menos de forma recorrente. Mas que fabulosa viagem me proporcionou ele!!!!
Entretanto, hoje vou conhecer coelhos. Muitos coelhos. Provavelmente não os vamos ver, porque se escondem quando chegamos. Mas já sabemos como iniciar uma convivência pacífica entre as nossas duas espécies, a qual convivência não passará por trazer nenhum deles para a nossa mesa, e muito menos ainda para os nossos pratos. Para alem disso, estou a recuperar vários anos de uma outra viagem cujo fim não está à vista.
Mas hoje, ao acordar, o nome de uma mulher tomou-me de assalto, e fiquei longos minutos a recordar, por palavras minhas, a sua história prodigiosa. A escrita, o oficio da palavra, puxa-me pelos cabelos nos mais variados momentos do dia, envolvendo-me nas suas marés inesperadas até a raiz do pensamento.
Créditos da imagem: Lewis Carrol (1832–1898) - Alice no País das Maravilhas, cap. I.
retirado de : http://pt.wikisource.org/wiki/Ficheiro:De_Alice%27s_Abenteuer_im_Wunderland_Carroll_pic_02.jpg
Mas a minha forma de organização mental e temporal deve mais às leis do caos do que às da mecânica clássica. Assim, entre o ler, o escrever, o pensar e o viver a vidinha, há linhas de convergência e linhas de divergência que me impedem, por exemplo, de ter a mesa onde escrevo sempre arrumada, aliás, as mesas por onde se espalha o meu ofício. Ou as tarefas a que me proponho sempre em dia.
Isso não acontece sempre. E sempre que isso não acontece, há uma pequena perturbação, um sobressaltado bater de assas de borboleta a cruzar os meus pensamentos, que eventualmente poderá semear sabe-se lá que furacão algures pelos vastos universos que todos atravessamos, e por onde todos andamos, mesmo que não os possamos captar, ou sequer imaginá-los a todos na sua glória, para nosso próprio descanso e sanidade mental.
Que registo é o meu, então? É um registo de marés. Nos últimos dias andei atrás de uma baleia. Foram quase duas semanas. E de repente, somei a essa viagem uma outra, ao Inferno. Agora, é só deixar assentar, e escrever sobre essas viagens tão diferentes e nem sequer complementares. A baleia continuará a ser um farol a que voltarei como quem vai a casa para retemperar forças e ganhar alento e maravilha. Já ao Inferno, que me catapultou num alucinante périplo de ida e volta, não penso voltar, pelo menos de forma recorrente. Mas que fabulosa viagem me proporcionou ele!!!!
Entretanto, hoje vou conhecer coelhos. Muitos coelhos. Provavelmente não os vamos ver, porque se escondem quando chegamos. Mas já sabemos como iniciar uma convivência pacífica entre as nossas duas espécies, a qual convivência não passará por trazer nenhum deles para a nossa mesa, e muito menos ainda para os nossos pratos. Para alem disso, estou a recuperar vários anos de uma outra viagem cujo fim não está à vista.
Mas hoje, ao acordar, o nome de uma mulher tomou-me de assalto, e fiquei longos minutos a recordar, por palavras minhas, a sua história prodigiosa. A escrita, o oficio da palavra, puxa-me pelos cabelos nos mais variados momentos do dia, envolvendo-me nas suas marés inesperadas até a raiz do pensamento.
Créditos da imagem: Lewis Carrol (1832–1898) - Alice no País das Maravilhas, cap. I.
retirado de : http://pt.wikisource.org/wiki/Ficheiro:De_Alice%27s_Abenteuer_im_Wunderland_Carroll_pic_02.jpg
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