Cabeleireiro? Não! Barbeiro. Era assim que ele queria ser chamado. O tão nosso António Variações.
Ando com ele «ao colo», agora, pelos anos 70 e 80. De uma entrevista que lhe fiz, por essa altura, e que retomei na biografia, destaco:
Ando com ele «ao colo», agora, pelos anos 70 e 80. De uma entrevista que lhe fiz, por essa altura, e que retomei na biografia, destaco:
«É pro menino e pra menina», António na sua barbearia |
«Eu inaugurei o salão Imaviz, o [Baeta em] Alvalade, até que decidi afastar-me daquela escravatura e regressar às origens. Regressar à barbearia. Hoje, até os barbeiros querem ser chamados cabeleireiros. Pois eu não. Estou na barbearia que, para além de ser o meu meio de subsistência, um espaço que eu gosto, é onde vivo rodeado de amigos, os meus clientes de há anos. A vida é uma roda, a gente acaba por voltar ao ponto de partida. Eu dei a volta completa e a única saída, quando se ultrapassa tudo, é começar de novo.
«Há quem diga, maldosamente, «aí está um tipo que lançou um disco para arranjar clientes lá para o salão». Acontece que eu tinha e tenho clientes mais do que suficientes para manter a barbearia a funcionar com lucro, e viver bem. Acontece que até nem tenho tempo para as pessoas novas que têm aparecido, só por curiosidade, para ver que tal é esse cabeleireiro que também canta. Além disso o tempo cada vez vai ser menos, porque, de facto, a música é a minha meta. A minha vocação. Espero ainda ser tão bem-sucedido na música como fui nos cabelos.» (Gonzaga, 1982:42-3).
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