sexta-feira, setembro 26, 2008

Quand vient la fin de l'été




O calor fica diferente, a luz fica diferente, o cheiro é outro, os pássaros têm novas canções, o dia acaba mais depressa, muito mais depressa, as formigas organizam-se em exércitos e levam os dias a carregar sementes enormes para dentro das suas secretas cidades, o telefone chama de outra maneira, as conversas começam ou acabam sempre com "quando é que voltas?", os emails do poderoso e mágico círculo dos afectos vêm enfeitados de cintilantes solicitações, mesmo que não nos digam respeito, há noticias que furam a campânula dourada que nos preservou durante três semanas dos ecos estridentes das tragédias todas, próximas e remotas, dos medos colectivos e da ameaça brutal do fim do mundo das economias podres, e os pés já sabem que vão voltar à escravidão do sapato.
Essa é que é essa.

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