Quando ele se foi embora, ela pensou vou chorar até esgotar todas as lágrimas, vou chorar até apagar a luz dos meus olhos, porque o dia se fez noite e a noite ficou eterna. Oh, que insanidade tamanha, disse-lhe a mãe, que ouviu os seus pensamentos, e lhe falou com a sabedoria das mães antigas, pois não sabes que a ferida de um grande amor só se cura com a ferida de um amor maior ainda? Que lágrimas, que cegueira, que noite, que nada. Solta os teus cabelos, solta os teus cuidados, solta o teu caminhar de gazela, e abre os braço para aquele rapaz tão belo que não tira os olhos de ti.
Oh, mãe, se eu curar a ferida de um amor tamanho com a ferida de um amor maior ainda, não mereço o dom de amar ninguém nem por ninguém ser amada. Deixa-me com as lágrimas da minha cegueira, deixa-me com o meu coração trespassado, e com a noite dos meus dias, porque só assim mantenho vivo, e a sangrar, este amor que me morreu.
E a mãe, com a sabedoria das mães muito antigas, não disse nada. Mas pensou:
Minha donzela afogada. Vive o adeus, vive a morte, vive a dor. Eu cá sei do tempo e do rapaz tão bonito que não tira os olhos de ti. O tempo cura tudo. O tempo seca tudo. Até o rio da dor. O tempo.
Oh, mãe, se eu curar a ferida de um amor tamanho com a ferida de um amor maior ainda, não mereço o dom de amar ninguém nem por ninguém ser amada. Deixa-me com as lágrimas da minha cegueira, deixa-me com o meu coração trespassado, e com a noite dos meus dias, porque só assim mantenho vivo, e a sangrar, este amor que me morreu.
E a mãe, com a sabedoria das mães muito antigas, não disse nada. Mas pensou:
Minha donzela afogada. Vive o adeus, vive a morte, vive a dor. Eu cá sei do tempo e do rapaz tão bonito que não tira os olhos de ti. O tempo cura tudo. O tempo seca tudo. Até o rio da dor. O tempo.
4 comentários:
Do passado recordações tantas
Daquela admirável paisagem
De Nacala a Catur, entre montanhas
Inacreditável comboio em viagem.
Em Moçambique, pensando em Portugal
As estrelas no céu brilhantes
De Lisboa a Vila Cabral
Da nossa terra distantes.
Boa noite, um abraço.
Eduardo.
Obrigada pelas suas palavras inspiradoras, Eduardo que me apanham na curva da memória, Há tantos e tantos anos. De Nacala para o Catur. Bom dia e um abraço. Até breve, espero. Manuela
O tempo é precioso, mesmo se contado momento a momento, mesmo se esquecido. Tudo tão breve e depois tão difícil o conhecimento que ganhamos com o tempo... Coisa estranha o tempo que nos mata gota a gota, sem retorno nem piedade.
é isso Luis Miguel...
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