domingo, dezembro 08, 2013

«empresta-me a mão para que eu consiga pegar outras mãos»

Nos últimos dias, a vida tem-me presenteado com tesouros sem preço. Um deles, que implica a amizade que iniciei há tempos com poetas da minha e nossa pátria comum -  a lusa língua, nosso português global -  materializou-se ontem numa joia que me foi pessoalmente endereçada por Jaime Rafael Munguambe Júnior. É um jovem moçambicano cujas palavras sigo fervorosamente, e que me incendeia com muito, quase tudo, o que vai colocando na sua página do facebook.

Nestes tempos em que tanto nos está a ser tirado, é nestes patamares de excelência que entendemos a nossa fortuna e privilégio. Nós, Senhores e Senhoras de reinos que ouro algum no mundo todo pode comprar, vender, trocar ou corromper. Donos de Graças que são dádivas. Como as que partilho aqui, em estado de maravilhamento. MG.

Jaime Rafael Munguambe Júnior

À Manuela Gonzaga

Empresta-me a lingua para eu poder ter com quem trocar as flechas que crescem nos ares fechados adentro, empresta-me a mão para que eu consiga pegar outras mãos, para poder eu ouvir a música escondida que o sangue entoa quando corre na pista das veias...

Carta [à Hirondina Joshua]

O que quer me dizer este grão de areia que cai na intenção? Ou então que idioma esta folha caida justamente, na companhia da exímia erva empalidecida, canta ou fala, no interior quadrado do vento que esvoaça por entre orelhas, sei que conheces a pequena luz do meu ente, um pouco desvairado e sei ainda que não é surpresa este texto que finge ser carta, quando te lê os sentidos.
Nota: Minha amiga Joshua ...

III [com e para várias pessoas]

Invento-me quando quero ter-te envolvida
sobre as areias do meu
embalo.

A idade do silêncio que me arde sobre as pedras amontoadas adentro

sobra-lhe apenas a engenharia do desespero.

Jaime Rafael Munguambe Júnior 

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