Mais um trecho do meu livro Xerazade - a última noite MG
«Presta atenção aos sinais. Vou escrever-te cartas, vou mandar-te mensagens, vou cantar para ti enquanto estivermos longe um do outro. Não será por muito tempo, prometo-te. Entretanto, usarei os mais improváveis mensageiros, de modo que tens de estar atento. Aquela abelha, aquela formiga, aquele voo de pássaro, aquela nuvem, aquele cintilar de estrelas, podem trazer-te as minhas palavras, o meu riso cruel, o meu choro inconsolável, os meus gemidos de gata assanhada de amor. Fizemos esse jogo tantas vezes, lembras-te? E aprendemos a dominar as suas regras, porquanto a porta do caos é o portal de uma ordem secreta patente aos olhos de todos os que quiserem ver. É a partir de agora que vamos estar verdadeiramente juntos. Se ao menos percebesses quanto.
―Não posso viver sem ti, querida.
―Sabes que não posso ficar contigo.
― És a minha alma. Como se pode viver sem a alma?
― Não te iludas, amor. Já nos despedimos tantas vezes. É só mais uma
[...]»
Manuela Gonzaga, em Xerazade - a última noite, Lisboa, Bertrand, 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário