terça-feira, junho 30, 2015

Tanta gente a falar da Grécia


Tanta gente a falar da Grécia e tão pouca gente a saber do que fala quando fala da Grécia. António Costa Santos para o Expresso traduziu o que Varoufakis apresentou na última reunião do Eurogrupo. É um documento que ajuda a perceber o que a Grécia pedia e a Europa rejeitou, de que transcrevo extractos. É aconselhável ler na íntegra. Para se  concordar ou discordar. Com fundamento e seriedade. MG


FOTO REUTERS/ALKIS KONSTANTINIDIS
«Veja-se por exemplo a provação dos jovens trabalhadores em várias cadeias de lojas que são despedidos quando se avizinha o seu 24º aniversário, para que os empregadores possam contratar funcionários mais jovens e assim evitar pagar-lhes o salário mínimo normal que é inferior para empregados menores de 24 anos. Ou vejam o caso dos empregados que são contratados em part time por 300 euros ao mês, mas são obrigados a trabalhar a tempo inteiro e são ameaçados com a dispensa se se queixarem. Sem contratação coletiva, estes abusos abundam com efeitos nefastos na concorrência (uma vez que os patrões decentes competem em desvantagem com os que não têm escrúpulos), mas também com efeitos negativos nos fundos de pensões e na receita pública. Alguém seriamente pensa que a introdução de uma negociação laboral bem concebida, em colaboração com a OIT e a OCDE, constitui "reversão das reformas", um exemplo de "recuo"? 

E mais
É por isso que continuamos a dizer às instituições que sim, precisamos de uma reforma do sistema de pensões, mas não, não podemos cortar 1% do PIB às pensões sem causar uma nova e massiva miséria e mais um ciclo recessivo, uma vez que estes 1,8 mil milhões multiplicados por um grande multiplicador fiscal (de até 1,5) é retirado do fluxo circular da receita. Se ainda existissem grandes pensões, cujo corte faria diferença a nível fiscal, cortá-las-íamos. Mas a distribuição das pensões está tão comprimida que poupanças dessa magnitude teriam de ir comer nas pensões dos mais pobres. É por esta razão, suponho, que as instituições nos pedem para eliminarmos o complemento solidário de reforma para os mais pobres dos pobres.»

Para ler na íntegra:

Em Expresso, «Palavra por palavra, proposta por proposta: o que Varoufakis pediu e a Europa rejeitou», 19.06.2015, c


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