Ela está presente nas memórias dos nossos dias de ontem. Em Tete, Moçambique, que foi quando nos conhecemos. Maravilhosa Ana Maria Metello Casimiro. Um Sol! Quando nos reencontrámos, por cá, a amizade estava inteira, embora a vida não tivesse permitido aquele retomar mais constante de laços, pelas distâncias.
Voltámos a encontar-nos numa daquelas celebrações a que quase nunca posso ir (neste caso o almoço anual dos Amigos de Tete), e foi mágico, por ela, por nós todos, por tudo. Muitos não se viam desde África. Mas, décadas depois, foi como se não se tivesse passado quase tempo nenhum. Na nossa mesa, adolescentes de 50 e 60 anos conversaram e riram e trocaram informações, telefones, registos de vida. Dançámos. Muito. O almoço, com sala e orquestra só para nós (à moçambicana, mesmo) prolongou-se para além da hora do jantar.
A partir daí a proximidade fez-se maior. E o meu irmão mantinha-me, mantinha-nos, ao corrente, pois estava frequentemente com eles. Quando lancei Moçambique para a Mãe se Lembrar como Foi, tive o gratíssimo prazer da sua luminosa presença, com outros amigos e amigas desses tempos. Que, aliás, estão nas páginas do livro e são mais do que memórias. São vidas e vivências que procurei eternizar pela magia da palavra escrita.
De tudo isso, que é muito mais do que consigo dizer, memórias, e imagens, num relance do fulgor que ela emanava.
Uma pessoa não se esgota nos fragmentos de memórias que cada um cultiva, para, em última análise, se perpetuar a si mesmo. Portanto, na incompletude de um registo que precisa de muito mais contributos, os contributos de toda a gente e todos os seres a quem ela tocou, acrescento: da Ana Maria, tudo o que há para dizer é bom. Uma mulher adorada pelo marido que ela amou também ao primeiro olhar; um extraordinária mãe de família; um pilar para todos os seus; uma acérrima defensora de animais errantes e abandonados. Uma amiga inesquecível. E tanto, tantíssimo mais.
A nossa tão querida Ana Maria Metello Casimiro.
Voltámos a encontar-nos numa daquelas celebrações a que quase nunca posso ir (neste caso o almoço anual dos Amigos de Tete), e foi mágico, por ela, por nós todos, por tudo. Muitos não se viam desde África. Mas, décadas depois, foi como se não se tivesse passado quase tempo nenhum. Na nossa mesa, adolescentes de 50 e 60 anos conversaram e riram e trocaram informações, telefones, registos de vida. Dançámos. Muito. O almoço, com sala e orquestra só para nós (à moçambicana, mesmo) prolongou-se para além da hora do jantar.
A partir daí a proximidade fez-se maior. E o meu irmão mantinha-me, mantinha-nos, ao corrente, pois estava frequentemente com eles. Quando lancei Moçambique para a Mãe se Lembrar como Foi, tive o gratíssimo prazer da sua luminosa presença, com outros amigos e amigas desses tempos. Que, aliás, estão nas páginas do livro e são mais do que memórias. São vidas e vivências que procurei eternizar pela magia da palavra escrita.
De tudo isso, que é muito mais do que consigo dizer, memórias, e imagens, num relance do fulgor que ela emanava.
Twist ou Yéyé? Ana Maria, João Nasi, Fernandinha e Manuel Anselmo, em Tete, Moçambique. anos 60 de um século ido |
Da esquerda da para a direita, Tojú, Ana Maria, José Álvaro, Micó, João Marta, eu, Jorge Gonzaga, Fernanda Dias, Rajú Tulcidás, Lurdes Dias |
[...] quando voltei da Beira, comecei a recusar praticamente todos os convites para festas, bailes e outro tipo de convívios. Quem me queria ver, que fosse a minha casa. Então, um belo dia, a minha querida Ana Maria Metello bateu-me à porta para me convidar para a sua festa de anos ou outra festa qualquer. [...] Estava acompanhada pelo seu amigo Armando, cujos olhos não desfitavam os meus, enquanto eu tentava arranjar desculpas para recusar o convite, rapidamente atalhadas pela minha mãe que adorava a Ana Maria, «a miúda mais chique desta terra, parece uma lisboeta de gema»: – Evidentemente que ela vai. Vêm buscá-la e trazê-la?[...]
– Mas eu não quero ir a porcaria de festa nenhuma.
A minha mãe levantou os olhos ao céu:– Na tua idade, o que eu não teria dado para me deixaram sair e conviver, por pouco tempo que fosse. Mas andava sempre de chaperon, com uma ou duas tias atrás a verem e a ouvirem tudo o que eu fazia e dizia, e com quem e quando. Sabem lá vocês a sorte que têm.» [...]
Voltando a Tete. Algumas das minhas amigas tinham casamento agendado num horizonte próximo. Como a Mimi Teixeira, que um dia, em Tete, no pátio de recreio do colégio de São José no final do nosso 5º ano, correra para o meu lado, com os olhos a brilhar comoção e felicidade, e, metendo a mão no bolso da bata, extraiu um envelope:– Ele escreveu-me!!!
[...]Quem também namorava naquela altura para casar e serem felizes para sempre, era a minha querida Ana Maria Metello, cujo namorado, o alferes Casimiro, se transformara rapidamente em seu noivo e um ou dois anos mais tarde, não sei quando, em marido. Reencontrei-os também por cá, ao fim de tantos anos. Maravilhosamente juntos.» (em Moçambique para a Mãe se Lembrar como Foi)
Uma pessoa não se esgota nos fragmentos de memórias que cada um cultiva, para, em última análise, se perpetuar a si mesmo. Portanto, na incompletude de um registo que precisa de muito mais contributos, os contributos de toda a gente e todos os seres a quem ela tocou, acrescento: da Ana Maria, tudo o que há para dizer é bom. Uma mulher adorada pelo marido que ela amou também ao primeiro olhar; um extraordinária mãe de família; um pilar para todos os seus; uma acérrima defensora de animais errantes e abandonados. Uma amiga inesquecível. E tanto, tantíssimo mais.
A nossa tão querida Ana Maria Metello Casimiro.
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