Ontem, na Lusófona foi assim:
sábado, fevereiro 24, 2018
quinta-feira, fevereiro 22, 2018
Os meus livros no Mar de Letras
Fica a entrevista que foi para o ar ontem na RTP ÁFRICA, programa Mar de Letras, conduzida de forma excelente por Mário Carneiro. Doida não e não foi presente, mas o foco foram os meus livros em geral, e muito particularmente o romance Xerazade a Última Noite, bem como o último da saga de André, 'André e o Baile de Máscaras'.
Sinopse: «A escrita esteve sempre presente num percurso que passou pelo jornalismo, pela história e pelos livros. Manuela Gonzaga está de regresso ao "Mar de Letras". Um novo romance, a reedição de uma biografia e um livro de literatura infanto-juvenil são razões suficientes para não perder a conversa com uma escritora que dividiu a adolescência e a juventude entre Moçambique e Angola.»
quarta-feira, fevereiro 21, 2018
Mar de Letras e 'Agora Nós'
Logo à noite, vou estar no 'Mar de Letras', RTP África (21.30), entrevistada de forma exemplar por por Mário Carneiro. O mesmo programa será repetido a 24 de Fevereiro, pelas 18.45, e 25 de Fevereiro pelas 12.00 hora.
Hoje à tarde estive em directo no programa 'Agora Nós' (RTP 1), a falar sobre o livro 'Doida não e não' com Tânia Ribas de Oliveira que deu quase vinte minutos de palco a Maria Adelaide Coelho da Cunha, ao longo de uma conversa excelentemente conduzida.
quarta-feira, fevereiro 14, 2018
Loucos, sim, mas por amor
Entrevista ao Diário de Notícias da Madeira (11/02/2018).
E estamos a falar de uma família da classe alta, com educação e formação. Afinal, mesmo nessas classes sociais, a mulher ainda era vista como um ser de segunda no primeiro quartel do século XX?
A mulher, em Portugal, só teve direito a voto depois de 1974, e isso diz tudo. Claro que ela usufruía de regalias que não eram para todas. Ia e vinha por onde lhe apetecesse. Até chegou a ter motorista particular. Mas em circunstâncias análogas, um homem divorciava-se e pronto. E depois casava de novo. E a ela, meteram-na num hospital de doidos...e podiam ter-lhe dado um tiro, com toda a impunidade, porque em casos de honra, os homens nunca eram criminosos. [...]
Para ler tudo: Manuela Gonzaga: «As Mulheres têm de deixar de ser sujeitos passivos», entrevista de Ana Luísa Correia
quinta-feira, fevereiro 08, 2018
terça-feira, fevereiro 06, 2018
Maria Adelaide vai voltar ao hospital Conde de Ferreira
Só quando
se viu defronte do portão e dos muros altos que ainda hoje rodeiam o Centro
Hospitalar, é que Maria Adelaide percebeu que a casa de saúde para onde o marido, o filho e um amigo de família lhe tinham pedido,
insistentemente, para vir «descansar», era «o hospital de doidos». Nessa
altura, conta, sentiu o coração parar-lhe no peito, o chão desaparecer-lhe
debaixo dos pés e teve de fechar os olhos: «Meu Deus que horrível momento
aquele! Estava à porta do Conde de Ferreira!» (em Doida Não e Não!)
Entrada principal para o Centro Hospitalar Conde de Ferreira |
Maria Adelaide vai voltar ao Conde de Ferreira, pela quarta vez. Da primeira, entrou pelo braço do filho, com o marido a acompanhar uns passos adiante, com o mais traidor e cínico dos amigos do casal. O inqualificavel dourtor Balbino Rego. Corria o ano de 1918 quando a teia da 'loucura' caiu sobre o seu destino. Mas nos primeiros meses de 1919, a 'louca' fugiu e levou outra 'condenada' com ela, a jovem Abecassis, riquíssima e sequestrada pela familia, como a Senhora de São Vicente e outras que por lá se encontravam a morrer em vida. Mas Maria Adelaide só conseguiu fugir, graças ao apoio inexcedivel do seu amante, Manuel Claro. Foi ele que encomendou a escada de madeira por onde se arrimou às traseiras do edificio, ajudando as duas senhoras a saltar o muro tão alto. Foi ele que arranjou o carro e a ajuda necessária para irem para o Rossão, distrito de Viseu, de onde antigo motorista de Maria Adelaide era natural. E onde vivia a sua mãe, irmã e cunhados.
Da segunda, ainda em 1919, foi um tristíssimo regresso. Capturada por policias a soldo de Alfredo da Cunha, na casa de família e na aldeia de Manuel Claro, foi trazida de novo para a 'Bastilha'. As suas descrições dessa época apertam o coração mais duro... Mas voltou a sair, e desta vez de forma mais espantosa ainda. Pela porta da frente, em glória, de braço dado com o Governador Civil do Porto,e com o seu maravilhoso advogado Bernardo Lucas, que Manuel Claro, preso na Cadeia da Relação, contratou para defender Maria Adelaide. Em breve, teve de se esconder, e assim viveu durante largos tempos. Mas livre e junto de quem amava e que lhe correspondia com igual amor.
Da terceira, a Senhora de São Vicente voltou a entrar e a sair em grande estilo desta casa. Foi em 2012. Houve fotos dela e de Manuel Claro à porta do salão onde decorreu o primeiro congresso Luzes e Sombras do Alienismo em Portugal, promovido pelo então director clinico da instituição, Dr. Adrian Gramary. Eu fui oradora convidada, falei quase ao fim do dia, perante uma audiência estarrecida... e o texto da minha comunicação integra as actas do colóquio.
Da quarta: a 28 de Fevereiro de 2018, Maria Adelaide vai voltar a cruzar os umbrais desta Casa. Mas agora, é a figura principal e única e tem direito a Salão Nobre. Por assim dizer, este evento vai ser quase um exorcismo. O convite será divulgado em breve. Fica o artigo do psiquiatra Adrian Gramary, de quem partiu a sugestão para o encontro e o debate sobre violências de género, na própria (e há muito tempo já). modelar instituição. O Centro Hospital Conde de Ferreira.
Jardim interior do Conde de Ferreira |
Crónica de um erro médicoPor Adrian Gramary
[...]
No entanto, é necessário salientar um aspecto que o livro de Manuela Gonzaga, tão rico em pormenores históricos, se encarrega de esclarecer: ao contrário do que pudéssemos pensar, o caso de Maria Adelaide não foi um caso isolado, já que nessa época era relativamente frequente o internamento psiquiátrico das filhas descarriladas da burguesia e da aristocracia. Este procedimento constituía uma forma de punição que era vista como adequada perante comportamentos considerados desviantes entre os quais se incluíam os relacionamentos com indivíduos pouco recomendáveis ou de classe inferior. A autora do livro defende que o factor principal que determinou a repercussão histórica deste caso foi o papel fulcral que desempenhou a imprensa, que agiu como caixa de ressonância, facilitando que o caso se tornara vox populi. A isto soma-se a decisão da protagonista e do marido traído de saltarem à praça pública escrevendo livros e artigos onde tentavam argumentar os seus pontos de vista: «Infelizmente louca!» intitulou-se o libelo de Alfredo da Cunha e «Doida não!» a contestação de Maria Adelaide. Títulos exclamativos e melodramáticos que dão uma ideia das paixões envolvidas neste processo, talvez um dos primeiros escândalos mediáticos da história de Portugal, favorecido ainda pelo facto dos dois protagonistas fazerem parte de uma das mais conhecidas famílias ligadas à imprensa do país. A história, porem, teve um final demorado, embora mas mais... [...]
Para ler o artigo na íntegra:
http://www.saude-mental.net/pdf/vol11_rev3_leituras.pdf
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