domingo, junho 12, 2022

A Noite Escura é um útero sem mãe à volta

 A Noite Escura é um útero sem mãe à volta. É o silêncio da floresta sem árvores, do rio sem água, do caminhar num território onde para cima ou para baixo, para um lado ou para o outro, é igual. Na Noite Escura, o sentir é sem sentidos. O vento não tem asas. O tempo não tem medida. Só existe o trilho singular que se percorre à luz trémula da certeza no devir da incandescente alvorada. São eles e elas que o dizem. Em muitas línguas. Em muitos cultos. Em muitos e desvairados tempos. Eles os bem-amados da divindade que caminham por caminhos que não existem. Eles são o caminho. Eles são. E nós aqui, tão sozinhos uns com os outros, aguardamos o seu sinal.







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