O chão está quente, as paredes estão quentes, o tampo das mesas e os braços das cadeiras estão quentes, as folhas dos livros de tão quentes amarelecem diante dos nosso olhar incrédulo e caiem no chão encarquilhadinhas sem força para segurar as letras que se evaporam no ar escaldante, e temos de tomar cuidado quando falamos porque as palavras tendem a sair aos turbilhões e todas ao mesmo tempo a pipocar umas contra as outras o que torna o discurso bastante incompreensível o que é irrelevante porque ninguém ouve nada para além do marulhar indiferenciado da maré baixa destes dias ensombrados de luz.
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