segunda-feira, janeiro 02, 2012

2012 sessão inaugural




Como contas os dias? Pelo calendário gregoriano, pelo calendário maia, pelos batimentos cardíacos, pelas cruzes no papel da parede gasta, pelo relógio digital, pela memória de outros dias?

Oh, eu não conto essas coisa, disse ele. Os dias bebo-os e como-os. Deixo que se dissolvam na boca e na pele, mastigo-os segundo a segundo. E depois  embriago-me da vida que me trazem.

Dizes isso porque és louco, certo?, perguntou ela.

Claro. De outro modo, como poderia estar aqui a falar contigo, se tu não existes?

Ohoh! - o riso dela lembrava sinos de prata em pescoço de cabras selvagens - se fosse a ti não estava tão seguro. Além disso, combinámos que desta vez era eu que te inventava a ti.

Depois o mar cresceu muito depressa e engoliu-os aos dois.
E esta era uma história que se contava às crianças, nas noites sem lua, para lhes ensinar que coisa era  o medo. Acontece que a maior parte delas adormecia a rir.

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