Já que não te vejo amor e faz tanto tempo escreve-me, escreve-me todos os dias, responde às cartas que te mando, diz-me dos teus anseios e alegrias e desgostos, conta-me tudo de ti, como dormes o que comes, da tua saúde que Deus guarde, com quem falas, onde pousas e como és recebido e tudo e tudo e tudo e acima de tudo, quando chegas?,
Se fosse hoje, a minha rainha escreveria assim ao seu rei.
Mas como esta história se passa há muitos séculos, sob o manto de uma ritualidade sufocante e obsessiva, ela trata-o por Majestade e por despedida escreve
beijo as mãos de vossa majestade
assinando la Reyna. Acima de tudo, na sua correspondência, o que se destaca vigorosamente é o desejo expresso em todas as cartas e em todos os tons, pelo regresso do rei. Por si própria - diz ela - mas também pelo bem do reino que tanto precisa dele. Por outras palavras, tudo quanto lhe importa é saber:
Quando voltas, amor, quando voltas para nós?Eu e os nossos filhos aguardamos-te com toda a saudade do mundo.
Como se os filhos se importassem com esse pai que nem conhecem e nunca estava presente enquanto eles cresciam...
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