Um extracto.
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A questão arrastava-se oficialmente desde 1528, quando Henrique VIII começara a pressionar o papa para este lhe conceder o divórcio, mas o problema começara antes, na Primavera de 1527, quando o rei de Inglaterra começou a alegar que tanto tempo depois, o rei de Inglaterra «sentia escrúpulos» por esta união, que para alívio da alma precisava de dissolver.
Lavada em lágrimas, Catarina ouviu esta arenga num misto de indignação, desgosto e vergonha, limitando-se declarar ao marido que enquanto vivesse se consideraria como «a verdadeira esposa legal do meu rei e meu senhor» – conforme escreveria depois ao seu sobrinho Carlos V quando a questão extravasou fronteiras.
Por essa altura, Henrique já pedira oficialmente ao santo padre que lhe anulasse urgentemente que acabara de se instalar em Orvieto depois de meses de reclusão no castelo de Sant’angelo,
que estava pelos amores de «uma Ana Bolena» – palavras de Prudencio de Sandoval – que «perdeu o juizo e razão de cristão» e «de abismo em abismo, até despenhar-se no mais profundo», negou a fé católica, «repudiando a rainha dona Catarina sua mulher, tia do imperador e infanta de Castela que segundo a opiniao de muitos era uma santa». [i] Não terão pesado apenas os amores, que muito peso tiveram. Catarina, com quarenta anos, jamais iria produzir o herdeiro masculino que Henrique VIII tanto desejava. A única solução era livrar-se daquela mulher que em tempos o subjugara com a sua autoridade e que agora apenas o aborrecia, para alcançar a descendência no ventre tão jovem da sua amada Ana Bolena.
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[i] Sandoval, Historia de la Vida y Hechos del Emperador Carlos V, I parte, Lib. XVI, Cap. xxv p. 892.
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