Entrei para o PAN, há cerca de dois anos, pela mão de um amigo de longa data,
o Paulo Borges, desmentindo com esta minha filiação uma promessa feita a
mim mesma. A de que nunca me aventuraria pelas águas turvas e traiçoeiras
da vida política. Fi-lo em consciência. Para mim, e, creio, para quase todos nós,
o ideário do Partido dos Animais e da Natureza constitui um maior denominador
comum. Trata-se da defesa de uma «Arca de Noé» num planeta em risco de
soçobrar e, por consequência, da defesa intransigente dos direitos dos animais,
e da natureza, casa-mãe de todos nós.
Abracei portanto uma utopia – e isto é o maior elogio que se pode conferir a
um projecto deste cariz. Assim, quando tomei conhecimento de que Paulo
Borges se afastava inapelavelmente do partido, a minha reacção foi afastar-me
também. Mas o pressuposto inicial mantinha-se: como defender aquilo em que
acredito e tantos de nós acreditamos? Como juntar forças e sinergias para
conseguir pequenas grandes vitórias para a grande Causa das Coisas da Vida?
Assim, no meio desta atormentada transição a minha permanência no PAN
tornou-se inquestionável. A Causa Animal, a Causa da Natureza, a Causa Nossa,
não espera pelo mundo perfeito, pelas pessoas perfeitas, pelo cenário idílico
onde todos seríamos ou seremos seres na plenitude do ser.
Eu não sou.
É por isso que, assumidamente humana e falível, vou continuar no PAN.
É por isso que vou votar, de coração aberto e mente lúcida, no ANDRÉ SILVA,
amigo que ganhei em muitas horas de esclarecimentos, e que me ensinou o
pouco que já aprendi no PAN, contagiando-me com o seu entusiasmo e com a
sua extraordinária capacidade de trabalhar no terreno do concreto, do imediato,
do possível e do necessário. Há tanto para fazer – e o André Silva é um homem
de acção e de reconhecida credibilidade.
Acrescento a pedra de toque que me decidiu. André Silva, sem nunca criticar ou
destruir o trabalho fosse de quem fosse, convenceu-me que continuar é
preciso. E desejável. O projecto da sua candidatura, tão convergente e de uma
enorme serenidade, bem como todos os envolvidos nele, permite-me acreditar
que é este o rumo.
Mais de cinquenta mil pessoas votaram PAN nas últimas eleições. Não temos o
direito de defraudar as suas expectativas. Mas mais do que isso – os sem voz,
os sem direitos, os seres mais frágeis do Planeta, dependem inteiramente do
que podemos fazer e do que temos por obrigação fazer em seu nome. E
consequentemente por nós e pelo espaço que todos partilhamos.
É que não há Planeta B.
Viva o PAN!!
Manuela Gonzaga
Escritora