Algures, depois de não sei quantas montanhas, e numa das extremidades de um arco-iris qualquer, ela espera por nós. Como um pote de ouro com sabor a recompensa. A felicidade. Ora são ideias como estas que contribuem para nos tornar profundamente infelizes. Para começar a felicidade não vem em pacotes, como os detergentes. Além disso, a tal «felicidade» que muitos amargamente imaginam que só bate à porta dos outros, nem sequer existe enquanto tal. Existem momentos de alegria, preciosíssimos. Realizações pessoais, raras vezes fruto de acaso, e conseguidas com muito labor e não poucas dificuldades. Uma rede de afectos. Interesses que nos mantém vivos. Onde mora a felicidade para nós, viventes? Não faço a menor ideia. Acho que não mora. Se há vida há morte, se há alegria, há tristeza. E aqui, sim, podemos falar em «pacote». É que vem tudo misturado. Mesmo assim, tenho a convicção profunda que somos muito mais co-autores do nosso destino - seja lá o que for que isso signifique - do que suas desamparadas vítimas. Pelo menos, foi esta convicção que me manteve de pé, ou à tona de água, em alturas particularmente dificeis da minha vida. E é essa mesma convicçao que encontro nos viajantes mais alegres e mais generosos com que me cruzo nesta vida. Alguns vi carregarem dores escondidas, que os arranharam até às entranhas, com um sorriso que lhes nasce no fundo da alma.
Talvez um dia consiga saber melhor como dizer tudo isto. Quando perceber exactamente do que se trata.
Créditos imagem: http://rumahyahud.files.wordpress.com/2008/04/somewhereovertherainbow.jpg
4 comentários:
Tudo o que dizes eu sinto. Por isso, faço os possíveis por gozar muito intensamente esses momentos felizes. Beijinhos, Manuela!
Obrigada, Madalena. Beijos!
De facto seria fácil se pudéssemos comprar a felicidade, como um pacote de detergente ou leite! E daí,talvez fosse o caos... porque tal como os detergentes e o leite, experimentamos muitas marcas, tipos, combinações... e como ficaria a nossa vida? Acredito, sei, que construimos o destino, mas também acredito, sei,que há acasos, e coisas que não construimos, e acontecem... há incógnitas, que talvez seja melhor que assim continuem, para que algumas pessoas possam ter fé em deuses, e afins... eu prefiro acreditar nos homens, e bater, beter sempre, até que porta se abra, mesmo que a mão já doa! Lídia
Deixei um comentário ao teu outro comentário... viste?
Enviar um comentário