Ontem, no decorrer de um delicioso jantar, em deliciosa companhia, repassou, por breves momentos, uma aragem de tristeza quando se falou na tristeza de viver em Portugal, na asfixia que nos circunda, e no peso que se carrega em tantos quotidianos, e, por consequência, no peso que tal acarreta nos circuitos conviviais. O que é sem dúvida, uma constatação plena de justiça. Algumas pessoas, que aqui mantém as suas casas de sempre, mas que só cá vêm de forma sazonal, como as andorinhas, confessaram que ao fim de uns tempos, começam a contar o tempo de ir embora outra vez.
Eu própria ave de arribação, crescida nas viagens, há muitos anos que não sinto nada assim. Adoro Lisboa. Amo Portugal. E já me habituei ao facto de ter o coração fora do peito - a pairar entre mundos, porque não consegui e não conseguirei nesta vida, alcançar o dom da ubiquidade... - mas na verdade, e esteja onde estiver, o ambiente é limpo de ervas daninhas e ventos maus. Descontando, evidentemente, todo o mal que nos pode acontecer pelo facto de estarmos vivos, e, como seres sensíveis, sermos sensíveis ao que acontece em nosso redor. Com os que amamos, e até com os que mal conhecemos e, obviamente connosco próprios nas voltas da roda da fortuna.
A conversa, repito, em ambiente sempre delicioso, com pessoas ligadas a várias áreas da cultura, e uma grande artista a presidir, nunca foi «pesada» e flutuámos pelos temas. Creio que me perguntaram como fazia, e eu respondi quase sem pensar: não frequento negatividade de espécie alguma. Não disse então, mas digo agora: é que me sinto profundamente comprometida com o lugar onde vivo, e sei que uma parte do que me rodeia é da minha única e inteira responsabilidade. De modo que quando o «ambiente» é mau - mudo de ambiente. E isso pode fazer-se sem sairmos do mesmo lugar. Com os custos que tal forma de viver acarreta, mas que pago sem pensar duas vezes.
Acima de tudo, há anos e anos e anos que não convivo com pessoas que falam mal umas das outras - cobardemente e quando as e os visados não se encontram presentes. Simplesmente, não convivo. Viro as costas, vou-me embora, não tenho paciência nem tempo nem energia. É um exercício profundamente menor e corrosivo - para quem o pratica e para quem o alimenta, mesmo que só servindo de testemunha. É que pessoas que falam mal das outras são pessoas que pensam muito mal de si próprias, mas ainda não o descobriram, nem querem descobrir. E isso é contagioso, pega-se no contágio das palavras.
Mas a conversa, entretanto, já seguia outros rumos. Por fim, acabámos a ver livros, deslumbrantes, feitos à mão. Livros que gostaria de ver com o tempo de sem tempo - perfeitos, belíssimos desde o suporte em papel artesanal, às aguarelas que o cobrem, história a história, ao desenho das capas todas diferentes, ao formato da obra, nunca igual, à letra de copista, desenhada com a perfeição que o amor confere às obras geradas sob o seu influxo. Não digo nomes, nem cito obras - para não quebrar o sortilégio de um encontro privado. Noutra altura, será.
Mas voltando atrás, faltou dizer que não vejo telejornais, aliás não tenho tv, mal leio jornais, e seleciono a informação que agora está disponível em tantos lados e de tantos modos. Mas ali, naquela sala com varanda e vista sobre o nosso magnifico mar português, não havia vestígios da caixinha mágica. A magia estava presente, de toda uma outra maneira. Ah, e havia um cão. Grande. Recebeu-nos com mostras de tanta alegria e esteve sempre por ali, connosco, dormitando feliz. Adoptado, evidentemente.
Eu própria ave de arribação, crescida nas viagens, há muitos anos que não sinto nada assim. Adoro Lisboa. Amo Portugal. E já me habituei ao facto de ter o coração fora do peito - a pairar entre mundos, porque não consegui e não conseguirei nesta vida, alcançar o dom da ubiquidade... - mas na verdade, e esteja onde estiver, o ambiente é limpo de ervas daninhas e ventos maus. Descontando, evidentemente, todo o mal que nos pode acontecer pelo facto de estarmos vivos, e, como seres sensíveis, sermos sensíveis ao que acontece em nosso redor. Com os que amamos, e até com os que mal conhecemos e, obviamente connosco próprios nas voltas da roda da fortuna.
A conversa, repito, em ambiente sempre delicioso, com pessoas ligadas a várias áreas da cultura, e uma grande artista a presidir, nunca foi «pesada» e flutuámos pelos temas. Creio que me perguntaram como fazia, e eu respondi quase sem pensar: não frequento negatividade de espécie alguma. Não disse então, mas digo agora: é que me sinto profundamente comprometida com o lugar onde vivo, e sei que uma parte do que me rodeia é da minha única e inteira responsabilidade. De modo que quando o «ambiente» é mau - mudo de ambiente. E isso pode fazer-se sem sairmos do mesmo lugar. Com os custos que tal forma de viver acarreta, mas que pago sem pensar duas vezes.
Acima de tudo, há anos e anos e anos que não convivo com pessoas que falam mal umas das outras - cobardemente e quando as e os visados não se encontram presentes. Simplesmente, não convivo. Viro as costas, vou-me embora, não tenho paciência nem tempo nem energia. É um exercício profundamente menor e corrosivo - para quem o pratica e para quem o alimenta, mesmo que só servindo de testemunha. É que pessoas que falam mal das outras são pessoas que pensam muito mal de si próprias, mas ainda não o descobriram, nem querem descobrir. E isso é contagioso, pega-se no contágio das palavras.
Mas a conversa, entretanto, já seguia outros rumos. Por fim, acabámos a ver livros, deslumbrantes, feitos à mão. Livros que gostaria de ver com o tempo de sem tempo - perfeitos, belíssimos desde o suporte em papel artesanal, às aguarelas que o cobrem, história a história, ao desenho das capas todas diferentes, ao formato da obra, nunca igual, à letra de copista, desenhada com a perfeição que o amor confere às obras geradas sob o seu influxo. Não digo nomes, nem cito obras - para não quebrar o sortilégio de um encontro privado. Noutra altura, será.
Mas voltando atrás, faltou dizer que não vejo telejornais, aliás não tenho tv, mal leio jornais, e seleciono a informação que agora está disponível em tantos lados e de tantos modos. Mas ali, naquela sala com varanda e vista sobre o nosso magnifico mar português, não havia vestígios da caixinha mágica. A magia estava presente, de toda uma outra maneira. Ah, e havia um cão. Grande. Recebeu-nos com mostras de tanta alegria e esteve sempre por ali, connosco, dormitando feliz. Adoptado, evidentemente.
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