Imediatamente, ou quase, ao inferno instalado em Paris, seis ataques terroristas em simultâneo, emergiu um movimento espontâneo de apoio, #PorteOuverte (Porta Aberta). Franceses, parisienses, estão a oferecer as suas casa a quem necessitar de abrigo: «se alguém precisa», a nossa porta está aberta. Só isto. «Safe place». Só isto, «be safe».
Enquanto isso, o mundo que sentimos como «nosso» acorda em choque para um horror ainda por determinar - em Paris, mais de cem mortos, mais de duzentos feridos na sequência de tiroteios e explosões ontem, em acções de violência concertada e inimaginável. Concretizadas em espaços de civis: restaurantes, uma sala de concertos, um estádio de futebol.
Os sinais de navegação davam conta deste icebergue? Davam. Era aguardado. Não se sabia era quando e onde, com exactidão. A surpresa não é a dimensão. É a geografia, o palco dos acontecimentos que nos petrifica de horror.
A partir de agora, vamos passar a viver numa outra Europa. A partir de agora, tudo será legitimado. Vão emergir as leis marciais que há muito aguardam nas gavetas do poder. A censura. A vigilância (ainda) maior. Vão erguer-se muros e barreiras. Pactuaremos com prisões e prisioneiros a replicar Guantanamo? É que tudo, a partir de agora, se tornou legitimável e, para quase todos, muito desejável. Porque «aquilo» que se tem passado sempre «algures» com «eles» e «entre eles»; aquelas guerras sujas em lugares feios de tão destruídos - que o mundo civilizado tem vindo a destruir há décadas e décadas - chegou ao coração do mundo bonito.
A Cidade Luz, de onde emanaram as Luzes, no rescaldo do desmantelar de uma odiada prisão, a Bastilha, está às escuras. E nós todos também.
Mas em boa verdade, há muito mais tempo que o Mundo tem vindo a escurecer de forma galopante, mas andamos sempre tão distraídos que só agora vamos acordar para esta escuridão. Pois não anda o mundo dito civilizado a bombardear e a matar civis há décadas e décadas nos lugares dos 'não' civilizados? Em África, no Oriente, próximo e remoto. Na América dita Latina. Colocando presidentes, entronizando reis, retirando e destronando uns e outros, invadindo em nome da paz, países que nunca mais conheceram um instante de tréguas?
Às apalpadelas, alguns de nós persistirão em caminhar na esperança de encontrar a lógica deste caos e de ouvir a razão no meio do clamor dos gritos, para reencontrar os caminhos escondidos pelos sinais contraditórios. Os sinais que vão tentar, e, ai!, vão conseguir,que a maior parte de nós enverede por estradas cheias de sinais de trânsito e semáforos a dirigir-nos para a intolerância. Estradas onde se vai atropelar e tentar matar a Liberdade.
Entretanto, pessoas de boa vontade já abriram o coração e estão a oferecer as suas casa. Sem condições. Be safe. Feel safe. Estrangeiro, turista, pessoa perdida: a minha casa é tua casa.
Há, ainda há!, portas abertas.
Enquanto isso, o mundo que sentimos como «nosso» acorda em choque para um horror ainda por determinar - em Paris, mais de cem mortos, mais de duzentos feridos na sequência de tiroteios e explosões ontem, em acções de violência concertada e inimaginável. Concretizadas em espaços de civis: restaurantes, uma sala de concertos, um estádio de futebol.
Os sinais de navegação davam conta deste icebergue? Davam. Era aguardado. Não se sabia era quando e onde, com exactidão. A surpresa não é a dimensão. É a geografia, o palco dos acontecimentos que nos petrifica de horror.
A partir de agora, vamos passar a viver numa outra Europa. A partir de agora, tudo será legitimado. Vão emergir as leis marciais que há muito aguardam nas gavetas do poder. A censura. A vigilância (ainda) maior. Vão erguer-se muros e barreiras. Pactuaremos com prisões e prisioneiros a replicar Guantanamo? É que tudo, a partir de agora, se tornou legitimável e, para quase todos, muito desejável. Porque «aquilo» que se tem passado sempre «algures» com «eles» e «entre eles»; aquelas guerras sujas em lugares feios de tão destruídos - que o mundo civilizado tem vindo a destruir há décadas e décadas - chegou ao coração do mundo bonito.
A Cidade Luz, de onde emanaram as Luzes, no rescaldo do desmantelar de uma odiada prisão, a Bastilha, está às escuras. E nós todos também.
Mas em boa verdade, há muito mais tempo que o Mundo tem vindo a escurecer de forma galopante, mas andamos sempre tão distraídos que só agora vamos acordar para esta escuridão. Pois não anda o mundo dito civilizado a bombardear e a matar civis há décadas e décadas nos lugares dos 'não' civilizados? Em África, no Oriente, próximo e remoto. Na América dita Latina. Colocando presidentes, entronizando reis, retirando e destronando uns e outros, invadindo em nome da paz, países que nunca mais conheceram um instante de tréguas?
Às apalpadelas, alguns de nós persistirão em caminhar na esperança de encontrar a lógica deste caos e de ouvir a razão no meio do clamor dos gritos, para reencontrar os caminhos escondidos pelos sinais contraditórios. Os sinais que vão tentar, e, ai!, vão conseguir,que a maior parte de nós enverede por estradas cheias de sinais de trânsito e semáforos a dirigir-nos para a intolerância. Estradas onde se vai atropelar e tentar matar a Liberdade.
Entretanto, pessoas de boa vontade já abriram o coração e estão a oferecer as suas casa. Sem condições. Be safe. Feel safe. Estrangeiro, turista, pessoa perdida: a minha casa é tua casa.
Há, ainda há!, portas abertas.
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