Publico, gratíssima, o texto da escritora Isabel Valadão, minha amiga de sempre desde os tempos inesquecíveis de Angola, no lançamento da minha candidatura presidencial. Foi na tarde do dia 10 de Agosto de 2015, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, à avenida de Berna.
Portugal atravessa momentos muito difíceis como resultado de um percurso vazio de lideranças ou de lideranças dúbias, numa democracia que dava os primeiros passos em 1974. Passados mais de quarenta anos, enfrentamos uma das mais graves crises da nossa História. Uma crise que atinge as pessoas, objecto de estatísticas infames, reduzidas a um deve/haver que se traduz na angústia e na incerteza de muitos milhares de portugueses.
Escritora Isabel Valadão |
APOIO
À CANDIDATURA DE MANUELA GONZAGA Á
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Devo
confessar que fiquei surpreendida quando a Manuela me convidou para ser um dos mandatários
da sua candidatura à Presidência da República! E senti-me invadida por um
sentimento de orgulho pela honra desse convite.
Manuela Gonzaga e eu conhecemo-nos há muitos
anos, duma outra terra, dum outro continente, onde tivemos o privilégio de viver
- em Angola! Foi quase numa outra vida.
Somos
muito mais do que amigas, somos companheiras de uma caminhada já longa, na
partilha dos mesmos ideais, na visão que temos do mundo em que vivemos e nos
valores da vida, que comungamos.
Conheço-te
bem, Manuela Gonzaga. Eu sei o que tens para dar às causas que abraças. Tens a
força e a coragem, o carisma e a vontade próprias das lideranças que marcam. E
esta causa, que agora abraças com tanta generosidade, e com a tranquilidade de
espírito que te conheço, vai exigir o melhor de ti. O olhar de muitos portugueses
vai seguir-te com uma esperança renovada nas suas vidas, esperança num futuro
que é hoje, para muitos, sombrio e triste. O de muitos outros vai ver-te como
um estorvo no processo em curso. Este é, no entanto, o primeiro dia de um
futuro com esperança para muitos de nós.
É
um momento em que nos marca fortemente pela tua coragem e pela expectativa de
que afinal há alternativas que dependem de nós na escolha dos nossos caminhos
colectivos!
Eu
sei que tu és uma mulher de causas, de convicções fortes e de coragem. Viveste
em África e trouxeste no sangue a rebeldia dos seus povos. Viste o sofrimento,
testemunhaste a coragem de lutas contra os preconceitos e as injustiças, o
sacrifício em nome dos interesses e estratégias de uma longa colonização, cruel
e injusta. Percorreste os caminhos da Descolonização, escreveste sem medos
sobre os dias de um passado sombrio e sobre um futuro que vinha ainda longe, no
sonho de muitas gerações. Foi nas planícies e anharas da terra angolana, no
contacto estreito com os seus povos, que o sonho da liberdade que trazias no
peito se tornou mais forte.
Eu
estava lá contigo!
É
esse sonho que se renova neste momento com a tua candidatura. Num mundo
diferente, num tempo diferente, num contexto diferente. Mas mais forte, mais
urgente, mais arrebatador. Mais inadiável!
E
hoje, mais do que nunca, estou contigo aqui, para te apoiar. Incondicionalmente!
Portugal atravessa momentos muito difíceis como resultado de um percurso vazio de lideranças ou de lideranças dúbias, numa democracia que dava os primeiros passos em 1974. Passados mais de quarenta anos, enfrentamos uma das mais graves crises da nossa História. Uma crise que atinge as pessoas, objecto de estatísticas infames, reduzidas a um deve/haver que se traduz na angústia e na incerteza de muitos milhares de portugueses.
Estamos
mergulhados num debate de hipocrisias, onde os votos se disputam com a verdade
da mentira, sem que o país possa escolher em liberdade os seus representantes
legítimos, os da nossa proximidade, aqueles que vimos crescer nas nossas
vizinhanças, os mais aptos pelas suas qualidades reveladas ao longo do tempo da
sua juventude e da sua maturidade. Todos os caminhos percorridos durante estes
quarenta anos nos trouxeram a uma encruzilhada de pesadelo como consequência
óbvia de uma governação comprometida com interesses alheios ao povo governado e
ao país. É imperioso que alguém nos conduza na escolha de novos caminhos para
Portugal.
E
esse alguém tens que ser tu! Obrigatoriamente!
O
retrato de Portugal é hoje sombrio para muitos portugueses, já o disse. Nele,
poucos são capazes de encontrar um lugar onde os seus filhos possam crescer e
trabalhar na construção de um futuro. É o futuro de várias gerações que está
comprometido.
O
Portugal da terceira idade, onde a paz e a segurança possam ter lugar na última
parte de uma vida de trabalho, só existe para muito poucos. Os jovens são
obrigados a emigrar ou a aceitar trabalho precário, porque a economia
portuguesa não tem uma resposta digna dessa procura para eles. Nos últimos anos
a classe média, que representa os pilares em que assenta uma macroeconomia
desenvolvida e moderna, foi arrasada. E os seus sobreviventes lutam sob uma carga
de impostos insuportável e imoral. O Ensino em Portugal é hoje um laboratório
de experiências desastrosas. A Saúde é gerida por critérios economicistas. A
Segurança Social transformou-se num ‘big brother’ de sustentação periclitante. A
Justiça não é para todos – cara, lenta, politizada. A teia de corrupção
estende-se, já livre e dominante pela experiência de muitos anos dos agentes
que a exercem e controlam.
Portugal
é hoje um país de medos! Do medo dos impostos, do medo do dia seguinte, do medo
dos despedimentos, do medo da saúde, do medo do futuro, do medo do desemprego,
do medo da doença, do medo de ser pai e mãe, do medo de ser velho. É imperioso
que o medo desapareça das nossas vidas.
Em
cada acto eleitoral se repetem as mesmas caras, profissionais da política, num
baralho de cartas sempre igual. Somos um país adiado nas suas crises cíclicas e
intermináveis, gerido pelos mesmos actores ao longo de muitos anos.
Mas
eu sei que a tua candidatura representa uma nova esperança para muitos
portugueses, repito. Uma esperança na mudança, volto a repetir. Tu és a mulher
capaz de trazer à sociedade portuguesa a certeza de que existe um Portugal mais
justo e mais livre. Menos desigual! E mais consciente. Quisera eu que todos os
portugueses te conhecessem bem como eu te conheço e votassem em ti, como eu vou
votar. Acredito que és a mulher que pode transformar Portugal num país novo, acredito
que serás capaz de devolveres aos portugueses uma nova esperança no seu futuro.
Acredito
em ti, Manuela Gonzaga.
Acredito
na tua capacidade para o diálogo entre instituições. Acredito que lutarás pelas
causas maiores deste país que é o nosso, como Presidente da República.
Acredito
na tua força de carácter, na tua coragem, a tua determinação e no teu saber.
Acredito que serás a defensora dos Direitos Humanos em Portugal, e com eles, os
direitos dos animais, e da Natureza pela reparação dos estragos que tem sofrido,
pelo respeito que lhe devemos, pela necessidade imperiosa de a preservarmos.
Acredito
incondicionalmente em ti, Manuela Gonzaga!
Isabel Valadão, João Paulo O. Costa, Manuela Gonzaga Torre B, auditório 1, FCSH, Universidade Nova, Lisboa |
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