domingo, agosto 16, 2015

Adopção por casais do mesmo sexo?

Uma das questões que me tem sido colocada, em privado: o que penso sobre a adopção por pessoas do mesmo sexo? A resposta aqui vai:




Se sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em boa hora legalizado em Portugal (Lei n.º 9/2010 de 31 de Maio)? Sou completamente a favor. O casamento (civil) é um contrato. Implica obrigações e direitos mútuos. Implica, do ponto de vista patrimonial, protecção a ambos as/os implicados. Legaliza, à face da lei, uma união. Não abençoa, não invoca deus ou deuses, não sacraliza. Nem precisa: seja qual for o contexto, o amor é o seu próprio sacramento.
Se sou favorável à adopção por casais do mesmo sexo?
Num mundo perfeito, crianças nasceriam e cresceriam amadas e rodeadas pela família de sangue. Mas num mundo perfeito, (algumas, muitas) crianças não seriam abandonadas em contentores, abusadas por familiares, vendidas para os mais medonhos tráficos, espancadas,negligenciadas por dependentes de todo o tipo de droga, álcool incluído, procriam sem condições. Num mundo perfeito não existiriam (algumas, muitas) crianças órfãs de guerras. Num mundo perfeito, (algumas, muitas) crianças não teriam fome, nem medo, nem solidão.
Esse mundo perfeito não existe.
O que precisa, em absoluto, uma criança? Amor. Amor incondicional. Absolutamente, sim.
Ora a orientação de género é irrelevante quando se trata de analisar sobre a bondade, a inteligência, a generosidade, a capacidade de alguém dar um lar a uma criança que o não tem. A orientação de género diz tanto de uma pessoa quanto a cor da sua pele ou dos olhos. Nada de relevante portanto sobre a essência do seu ser. Para avaliar as condições em que o casal (do mesmo sexo ou de sexo diferente) se encontra há batalhões de técnicos e longos períodos de avaliação para se perceber se reúnem consenso e se lhes pode ser entregue a ou as crianças.
Porém, os detractores desta medida, e são muitos ainda, preferem que as crianças continuem entregues às instituições de onde são «expulsas» logo que atingem a maioridade. Aos 18 anos. Sem laços nem família nem mais obrigações por parte do Estado. Moralidade é isto?
O que terá uma criança abandonada a dizer sobre esta medida? Pedem-lhe a opinião? Dão-lhe a escolher entre ser institucionalizada ou fazer parte de uma família por menos ortodoxa que tal família pareça ser? Não me parece que a opinião da criança seja levada em linha de conta. E depois, que diabo, a criança, com a tendência que as crianças têm em crescer, em breve passa a ser um pequeno adulto. E aí, a sociedade lava as suas mãos.

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