sábado, agosto 22, 2015

Uma candidatura da base da pirâmide

A opinião pública é facilmente divisível e previsível. Neste caso, tratando-se das candidatas ou candidatos à mais alta magistratura da Nação, por um lado, censura-se asperamente alguém por ser reconhecidamente ligado/a aos dois aparelhos partidários que partilham, em ciclos alternados, o ofício de reinar sobre a república Portuguesa nos últimos quarenta anos. Por outro, ironiza-se ou censura-se, com maior ou menos aspereza, quem não teve ligações nenhumas a nenhum partido do eixo da governação.

Acontece que a minha, é uma candidatura fora do baralho. E acontece que a minha, é uma voz que emerge da base da pirâmide social para ser Voz de quem a não tem. E acontece também que, sem ligações partidárias anteriores, até me ter filiado no PAN - Pessoas, Animais, Natureza, desde há quase quatro anos que participo activamente na vida deste partido. Inclusive, integro a Comissão Política Nacional. Com todas as responsabilidades e envolvimento que tal integração pressupõe.

Já discuti, em Congresso e fora dele, política, e debati programas em várias áreas. Dias a fio, a começarem cedo e a acabarem tarde. Já distribuí flyers - com propostas de campanha, mas também com poemas de grandes poetas portugueses no verso porque defendo e defendemos que a cultura é a alma de um povo; já falei, já falámos, em praças, de megafone empunhado e com um som do aceitável ao medíocre; já desfilei, com os meus camaradas de pequeno partido, em marchas, com a bandeira do PAN, pelos direitos das pessoas, dos animais, do ambiente. Enfrentando a apatia, a ironia e até o desprezo que se recebe em troca; mas também o interesse, a curiosidade e a vontade de saber mais e ir aprofundar as questões da nossa agenda.

A segunda reacção, cada vez mais a prevalecer sobre a primeira.

Sou desconhecida do grande público - mas isso é defeito? - embora tenha doze livros publicados, alguns com várias tiragens e uma excelente recepção pública. Livros que a imprensa especializada, de forma ostensiva, ignora, ano após ano. Livros quase todos eles, referenciados em meios académicos, integrando inclusivamente curricula em universidades como a de Aveiro, a Lusófona, a Nova, e, em tempos a de Georgetown  (estudos portugueses). E isto que eu saiba. Três deles, já estão traduzidos e editados em francês.

Sou historiadora. Com mestrado. E ligação, como investigadora, ao CHAM. Adoro o pó dos livros. Adoro os caminhos da História - permite-nos ver os quadros no seu conjunto. Permite-nos viajar pelo séculos dos séculos, relativizar o que é relativizável e privilegiar o que é fundamental. Ajuda-nos a entender. Dá sentido aos nossos ideais, se os tivermos, porque são de sempre. Além de que nos coloca na exacta posição a que pertencemos. Uma gotinha de água no oceano dos tempos.

E ainda assim, sem fanfarras, nem grandes aparelhos partidários a suportarem a minha candidatura, que em menos de duas semanas, a minha página de facebook está quase nos mil gostos.

Há quem queira saber mais. Há quem goste de ver, para ter opinião. Oxalá fossem todos assim, para acordarmos mais depressa. E tornarmos esta vida colectiva mais decente, mais justa, mais aceitável.


Auditório 1, Torre B, FCSH, Universidade Nova de Lisboa
Apresentação da candidatura







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