Tenho dois livros entre mãos. Um, é uma colectânea de textos dos participantes da última oficina de escrita A minha vida dá um livro. Nesta fase, os textos estão a ser lidos, relidos, editados, mas respeitando integralmente o espírito e a palavra dos seus autores. Um pouco mais e passaremos à paginação. Depois, à impressão. Não tarda nada, temo-lo na mão. Felizmente, ninguém está com pressa, porque todos querem o melhor resultado possível. Afinal será o primeiro livro do resto das suas vidas.
Esta antologia comove-me por vários motivos. Nela, várias pessoas abrem o coração e partilham episódios das suas vidas. São pessoas que confiaram em mim o suficiente para me confiarem a chave das suas memórias. Além disso, aprenderam, comigo, a confiar em si próprias. Num espaço tão curto, cerca de um mês e meio, deram o mais difícil dos passos. E agora avançam com alegria e expectativa para a exposição pública que todo o livro dado ao prelo presume.
Por outro lado, estou de volta do meu próximo livro, o qual também presume vários exercícios, sendo o da memória um deles.
Refazer os caminhos do passado não é completamente possível, nem totalmente impossível. Acima de tudo, é uma viagem onírica com as suas armadilhas, entre as quais a da saudade, sentimento que mal conheço. Mas de repente, dou por mim diante de uma árvore que me recorda um elefante vegetal a perfilar-se diante dos meus sentidos com tão profunda nitidez que é como se estivéssemos, de novo, no mesmo espaço e no mesmo tempo, de tal forma que quase consigo aspirar o seu cheiro denso, sombrio e reconfortante. Então, sim, sinto uma comoção indizível e quedo fulminada de espanto.
Percebo que a saudade é uma alga no fundo de um lago escuro que me enreda nos seus dedos filiformes e me puxa para si numa envolvência entorpecedora e tão reconfortante. E percebo também, numa lucidez de afogada, como é fácil adormecermos dentro de sonhos que nunca chegámos realmente a sonhar,
É esse torpor que me desperta, e que me recorda que as minhas saudades são todas feitas de futuro. Regresso como quem se liberta. A respirar o ar da minha gratidão à vida, toda a vida que vivi. E mais ainda, toda a vida que me resta viver.
Que nem sei a quanto monta. Não é isso também tão extraordinário? Não é isso também que nos devia levar a privilegiar cada momento presente, cada bater do coração como se fosse o último?
Esta antologia comove-me por vários motivos. Nela, várias pessoas abrem o coração e partilham episódios das suas vidas. São pessoas que confiaram em mim o suficiente para me confiarem a chave das suas memórias. Além disso, aprenderam, comigo, a confiar em si próprias. Num espaço tão curto, cerca de um mês e meio, deram o mais difícil dos passos. E agora avançam com alegria e expectativa para a exposição pública que todo o livro dado ao prelo presume.
Por outro lado, estou de volta do meu próximo livro, o qual também presume vários exercícios, sendo o da memória um deles.
Refazer os caminhos do passado não é completamente possível, nem totalmente impossível. Acima de tudo, é uma viagem onírica com as suas armadilhas, entre as quais a da saudade, sentimento que mal conheço. Mas de repente, dou por mim diante de uma árvore que me recorda um elefante vegetal a perfilar-se diante dos meus sentidos com tão profunda nitidez que é como se estivéssemos, de novo, no mesmo espaço e no mesmo tempo, de tal forma que quase consigo aspirar o seu cheiro denso, sombrio e reconfortante. Então, sim, sinto uma comoção indizível e quedo fulminada de espanto.
Percebo que a saudade é uma alga no fundo de um lago escuro que me enreda nos seus dedos filiformes e me puxa para si numa envolvência entorpecedora e tão reconfortante. E percebo também, numa lucidez de afogada, como é fácil adormecermos dentro de sonhos que nunca chegámos realmente a sonhar,
É esse torpor que me desperta, e que me recorda que as minhas saudades são todas feitas de futuro. Regresso como quem se liberta. A respirar o ar da minha gratidão à vida, toda a vida que vivi. E mais ainda, toda a vida que me resta viver.
Que nem sei a quanto monta. Não é isso também tão extraordinário? Não é isso também que nos devia levar a privilegiar cada momento presente, cada bater do coração como se fosse o último?
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