domingo, abril 19, 2015

Conselhos a uma jovem escritora?

Tenho muita pena que ela não apareça em nenhuma das fotografias, mas mesmo que aparecesse não iria partilhar o seu rosto lindo e sério publicamente. Tinha uma pergunta seriíssima. «Que conselhos para uma jovem escritora?» Como ela. Intensa, tímida, curiosa, atenta. No final, trazia o meu livro para eu assinar. Aos 14 anos e vai ler Xerazade - a última noite. Já escreveu um livro que, penso, é também guião de filme. Foi na FNAC de Faro, quando ali esteve a falar com leitores, a encontrar e reencontrar amigos. Como a Elza Cunha e o marido, o Luís Bulha e a mulher, a Helena Ralha e a filha, e outros que não conhecia e tive tanto prazer em conhecer.
Foi muito bom.
Em Faro, FNAC

O que lhe aconselhei? Segredo. Silêncio. Porque os sonhos despertam mágoas - em que não consegue sonhar tão longe. E as mágoas despertam rancores. E os rancores acordam a ironia da inveja, essa lamazinha pegajosa que macula as asas e prende os pés no chão da incertezas. É preciso crescer o suficiente para que tal não nos macule, nem magoe... pelo menos tanto. O que lhe aconselhei? Trabalho. Muito muito trabalho. Ser escritor é fazer um pacto com a palavra. Esse pacto é a tempo inteiro. Esse pacto é implacável.

Impossível viver sonhos destes sem compromissos totais.

Ela percebeu tudo.


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