segunda-feira, agosto 31, 2015

Ei-los que partem!

No Portugal 'perfeito' dos tempos da outra Senhora, na década de 60 e 70 do século passado, um  milhão e meio de portugueses saíram de Portugal. Quase todos a salto, em condições deploráveis, para ganhar o pão que a terra nossa lhes negava. Grande parte dessa gente a quem devemos, no mínimo, uma Homenagem Nacional, partiu mal vestida, mal calçada, com fome, com frio, com medo, e sem ferramentas mentais que lhes poderiam permitir, a chegada, um futuro pelo menos melhor do que os bairros de lata infames - os bidonville - que os acolheram.

E de onde, após uma vida de trabalho digníssima, quase todos escaparam com a maior dignidade.

Hoje, grande parte dos que partem, e os números crescem de forma avassaladora, vão calçados e armados de conhecimentos vários. Por exemplo, cursos técnicos e superiores de que temos a maior necessidade  - médicos, arquitectos, engenheiros, enfermeiros, e por aí fora. Para além do conhecimento de línguas estrangeiras, e de uma rede amigos e conhecidos algures, e que os acolhem fazendo-os, a muitos deles pelo menos, sentirem-se em casa.




Mas a situação, sendo diferente para melhor, é igualmente trágica. O futuro, nosso, vai com eles. E uma parte da nossa alegria, porque não admiti-lo? Recentemente, publiquei na minha página de candidatura este post que partilho:

«Tenho quatro maravilhosos filhos. Dois, foram estudar para fora e já só voltam de férias: quando não passam férias noutros lados, porque o mundo é vasto e redondo e eles têm amigos no mundo inteiro. Tenho outro quase filho, que também só aparece sazonalmente. Grande parte dos que estudaram com eles em Portugal e alguns dos que os acompanharam desde o jardim escola - no inesquecível colégio O Formigueiro, Lisboa, depois no Passos Manuel - também estão espalhados pelo mundo. E agora, a minha luminosa filha e a minha resplandecente neta, estão de malas aviadas para uma Viagem incrível! 

Quando voltam? Sabemos lá. Fica, por enquanto, o mais velho, que também já andou pelo norte da Europa, nos caminhos das artes, quase dois anos. E o meu lindíssimo neto. Um conforto. Para os braços da mãe que eu sou, é muita ausência. É um buraco no peito por onde cabe um Boeing 747. Não me digam que nesta «ditosa pátria minha amada» há lugar para todos, porque é falso. Há lugares, sim. Mas estão cativos. Por outro lado, para quem quer mesmo viver em Portugal, ser português é a nacionalidade errada. 

É também por eles, pelos nossos Meninos e Meninas d'Ouro que estou aqui a fazer a minha parte de ser a Voz dos que não têm voz, porque a perderam, porque nunca a tiveram, porque se vão embora. Para o que todos temos de fazer a nossa parte. Isto é, se quisermos mudar as coisas.»




Aos comentários, muitos, respondi no texto publicado hoje, no mural de facebook que partilho: 

«Vou explicar melhor: por um lado, estou feliz porque os meus filhos têm caminhos abertos e para abrir no mundo. E muitas ferramentas que lhes permitem sentirem-se em casa onde quer que chegam, se gostam do que vêm e da forma como são acolhidos. Estou feliz porque na Europa, europeus já não são IMIGRANTES. 

O que acontece, é que os meus filhos e grande parte dos amigos/as e dos amigos/as dos amigos deles que também foram, não estão
presos numa «pátria» que não lhes liga nenhum
a; e recusam a fatalidade de viver num horizonte sem horizontes. E por isso vão-se embora. O que é trágico para todos nós.
Se sinto a falta deles? Se sinto! Mas para além da ferida pessoal, comum a tantíssimas/os de nós, o pior para todos, é o DESENHO TOTAL. Do meu e nosso país que os dispensa como se houvesse muitos cérebros a funcionar por cá, quando não há. Manifestamente, o défice de excelência humana está a tornar-se um drama. Exportamos o melhor que temos, sem contrapartidas. 

GENTE. Muita, muita gente. Gente demais.

Em contrapartida, estamos a transformar-nos num condomínio de luxo para gente que tem muito dinheiro e aqui vem passar uma parte das suas reformas douradas. E num paraíso de férias para gente que por pouco dinheiro passa dias dourados com boas praias e boa comida e muito álcool.
Em contrapartida, tornámo-nos um depósito de idosos a morrer de fome ou de falta de cuidados primários, porque as suas exíguas reformas são devoradas de
ntadinha após dentadinha pela máquina fiscal mais brutal que já vimos em acção.
E assim, estamos a regressar ao cinzentismo do antes. Ao medo que pairava sobre os quotidianos, no tempo do antes, numa insegurança reforçada pelos crimes do agora.
Somos o rebanho perfeito: faremos tudo para fugir do bicho-papão. Desde pretender que ele não existe, enfiando a cabeça na areia e esperando que passe sem dar por nós; até correr de braços abertos para os enviados do bicho-papão que ciclicamente, há décadas, nos prometem o paraíso na terra - reforçando a ideia de que têm estado a contribuir para que «tudo fique melhor do que estava».
E muitos acreditam. E essa é a maior tragédia de todas, porque se não percebermos o desenho, por ignorância ou demissão, nada poderá ser diferente. Acredito que pode ser diferente. Se quisermos.
Entretanto... Ainda bem que os meus filhos se podem ir embora, nas condições em que vão. A tempo e horas


sábado, agosto 29, 2015

«Foi um livro difícil de escrever?»

Em Junho, dei uma entrevista à Confraria Vermelha, intitulada «Xerazade - a última noite de Manuela Gonzaga», que foi publicada recentemente, a 26/08/2015. Na altura, à pergunta, inevitável, sobre os «novos projectos» respondi com reticências. Agora, a notícia da minha candidatura, que, entretanto e desde o 10 de Agosto deste ano deixou de ser novidade, já é referida no texto.

Voltando à entrevista, fica um extracto, que me tocou particularmente reler:

«ENTÃO, “MOÇAMBIQUE, PARA A MÃE LEMBRAR COMO FOI” É, TALVEZ, O LIVRO MAIS ÍNTIMO, NO SENTIDO EM QUE FOI ESCRITO QUANDO TINHA A SUA MÃE MUITO DOENTE. FOI UM LIVRO DIFÍCIL DE ESCREVER?
Foi muito difícil, mas, ao mesmo tempo, muito útil e esclarecedor… ajudou-me, finalmente, a reconstruir o puzzle da minha e das nossas vidas. Porque se ia para África? Quem ia? Como eram os quotidianos ultramarinos, à luz das memórias da menina e da jovem que fui, e do enquadramento que a historiadora que sou ajudou a completar? Além disso, este livro levou-me a memórias que me encheram de alegria, mas também de angústia. Voltei à guerra. Às pequenas guerras pessoais. E, de relance, ao regresso quando tudo era tão diferente que percebi que Portugal se tornara terra estrangeira e foram precisos muitos anos para reconquistar a minha cidadania interior.» 
Para visitarConfraria Vermelha

quinta-feira, agosto 27, 2015

Ainda se lembram quem matou Laura Palmer?

A propósito de algumas das minhas afirmações; a propósito de alguns dos meus textos; a propósito de defesas de causas que eu tomo ou não; a propósito de diferenças e semelhanças. Tenho recebido mensagens em privado e trocado opiniões com pessoas que seguem a minha candidatura presidencial e que são suficientemente gentis para considerarem que sou bem intencionada - e assim, discordando frontalmente com algumas das minhas tomadas de posição, alertam-me para a contabilidade eleitoral. Para o ganha perde dos votos.

E eu fico gratíssima e em grande aflição. Não por perder ou ganhar votos. Mas porque no mundo onde me movo, o mundo que eu vejo é tudo menos normal. 

Quem matou Laura Palmer, lembram-se?

- Não há qualquer espécie de normalidade na guerra. 

- Não há qualquer espécie de normalidade na fome.

- Não há qualquer espécie de normalidade na violência exercida pelos mais fortes sobre os mais frágeis, os mais vulneráveis, os mais indefesos. 

- Não há qualquer espécie de normalidade na apropriação dos bens de todos por parte de alguns, muito poucos. E por bens, entenda-se tudo, desde o que é necessário à vida, a começar pela água; pelo chão que se pisa; pelo tecto que nos abriga; pelo alimento que nos alenta, pelo manto que nos cobre. 

- Não há qualquer normalidade na forma como tratamos a Natureza, como se fosse uma «coisa» com que se brinca até se lhe retirar tudo o que nela vive, matando-a, floresta após floresta; montanha após montanha; rio após rio; mar após mar. 

- Não há qualquer normalidade na forma como usamos e abusamos dos animais que partilham connosco o planeta. A crueldade que exercemos sobre eles é indizível. E porém, toleramo-la. 

- Não há qualquer espécie de normalidade no desamor que leva a que se mate ou se abuse de uma criança. E quantas vezes essa morte em vida que é o abuso, é perpetrado no seio do lar?

- Não há qualquer normalidade nos chamados «crimes de amor» que ao amor nada devem, porque é apenas o egoísmo, a ignorância e a prepotência que leva agressores/as a agirem contra agredidas/os. Isso e a noção de impunidade com que agem. 

- Não há qualquer normalidade em tanta coisa que achamos normal, ou que toleramos como se o fosse: o roubo, a calúnia, a desfaçatez, a injustiça, a indiferença de muitos que levam tantos ao desespero e à ruína. A inconcebível tolerância do mal. 

Depois, querem que eu volte sobre os meus passos e retire as minhas palavras de apoio, quando a questão é meramente do foro íntimo de cada um, como por exemplo, duas pessoas do mesmo sexo amarem-se como se amam pessoas de sexos opostos e assinarem um documento em conservatória do registo civil, que as consigna como parceiros com direitos adquiridos e etc., vulgo casamento? Num mundo onde o ódio é considerado «normal», e por vezes até aceitável e legítimo, o amor, por ter um rosto diferente, é abominado como uma abominação. 

E isto é que não é normal. 

Já agora, ainda se lembram quem matou Laura Palmer?






domingo, agosto 23, 2015

Manuela Gonzaga candidata a Belém


Entrevista à RTP. Porquê e como? A jornalista colocou as questões certas e deu tempo para as respostas. Os oito, nove minutos programados estenderam-se aos 13. Uma boa surpresa. 

sábado, agosto 22, 2015

Uma candidatura da base da pirâmide

A opinião pública é facilmente divisível e previsível. Neste caso, tratando-se das candidatas ou candidatos à mais alta magistratura da Nação, por um lado, censura-se asperamente alguém por ser reconhecidamente ligado/a aos dois aparelhos partidários que partilham, em ciclos alternados, o ofício de reinar sobre a república Portuguesa nos últimos quarenta anos. Por outro, ironiza-se ou censura-se, com maior ou menos aspereza, quem não teve ligações nenhumas a nenhum partido do eixo da governação.

Acontece que a minha, é uma candidatura fora do baralho. E acontece que a minha, é uma voz que emerge da base da pirâmide social para ser Voz de quem a não tem. E acontece também que, sem ligações partidárias anteriores, até me ter filiado no PAN - Pessoas, Animais, Natureza, desde há quase quatro anos que participo activamente na vida deste partido. Inclusive, integro a Comissão Política Nacional. Com todas as responsabilidades e envolvimento que tal integração pressupõe.

Já discuti, em Congresso e fora dele, política, e debati programas em várias áreas. Dias a fio, a começarem cedo e a acabarem tarde. Já distribuí flyers - com propostas de campanha, mas também com poemas de grandes poetas portugueses no verso porque defendo e defendemos que a cultura é a alma de um povo; já falei, já falámos, em praças, de megafone empunhado e com um som do aceitável ao medíocre; já desfilei, com os meus camaradas de pequeno partido, em marchas, com a bandeira do PAN, pelos direitos das pessoas, dos animais, do ambiente. Enfrentando a apatia, a ironia e até o desprezo que se recebe em troca; mas também o interesse, a curiosidade e a vontade de saber mais e ir aprofundar as questões da nossa agenda.

A segunda reacção, cada vez mais a prevalecer sobre a primeira.

Sou desconhecida do grande público - mas isso é defeito? - embora tenha doze livros publicados, alguns com várias tiragens e uma excelente recepção pública. Livros que a imprensa especializada, de forma ostensiva, ignora, ano após ano. Livros quase todos eles, referenciados em meios académicos, integrando inclusivamente curricula em universidades como a de Aveiro, a Lusófona, a Nova, e, em tempos a de Georgetown  (estudos portugueses). E isto que eu saiba. Três deles, já estão traduzidos e editados em francês.

Sou historiadora. Com mestrado. E ligação, como investigadora, ao CHAM. Adoro o pó dos livros. Adoro os caminhos da História - permite-nos ver os quadros no seu conjunto. Permite-nos viajar pelo séculos dos séculos, relativizar o que é relativizável e privilegiar o que é fundamental. Ajuda-nos a entender. Dá sentido aos nossos ideais, se os tivermos, porque são de sempre. Além de que nos coloca na exacta posição a que pertencemos. Uma gotinha de água no oceano dos tempos.

E ainda assim, sem fanfarras, nem grandes aparelhos partidários a suportarem a minha candidatura, que em menos de duas semanas, a minha página de facebook está quase nos mil gostos.

Há quem queira saber mais. Há quem goste de ver, para ter opinião. Oxalá fossem todos assim, para acordarmos mais depressa. E tornarmos esta vida colectiva mais decente, mais justa, mais aceitável.


Auditório 1, Torre B, FCSH, Universidade Nova de Lisboa
Apresentação da candidatura







sexta-feira, agosto 21, 2015

«Acredito em ti, Manuela Gonzaga»

Publico, gratíssima, o texto da escritora Isabel Valadão, minha amiga de sempre desde os tempos inesquecíveis de Angola, no lançamento da minha candidatura presidencial. Foi na tarde do dia 10 de Agosto de 2015, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, à avenida de Berna.


Escritora Isabel Valadão




APOIO À CANDIDATURA DE MANUELA GONZAGA Á
                     PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


Devo confessar que fiquei surpreendida quando a Manuela me convidou para ser um dos mandatários da sua candidatura à Presidência da República! E senti-me invadida por um sentimento de orgulho pela honra desse convite.
 Manuela Gonzaga e eu conhecemo-nos há muitos anos, duma outra terra, dum outro continente, onde tivemos o privilégio de viver - em Angola! Foi quase numa outra vida.
Somos muito mais do que amigas, somos companheiras de uma caminhada já longa, na partilha dos mesmos ideais, na visão que temos do mundo em que vivemos e nos valores da vida, que comungamos.
Conheço-te bem, Manuela Gonzaga. Eu sei o que tens para dar às causas que abraças. Tens a força e a coragem, o carisma e a vontade próprias das lideranças que marcam. E esta causa, que agora abraças com tanta generosidade, e com a tranquilidade de espírito que te conheço, vai exigir o melhor de ti. O olhar de muitos portugueses vai seguir-te com uma esperança renovada nas suas vidas, esperança num futuro que é hoje, para muitos, sombrio e triste. O de muitos outros vai ver-te como um estorvo no processo em curso. Este é, no entanto, o primeiro dia de um futuro com esperança para muitos de nós.
É um momento em que nos marca fortemente pela tua coragem e pela expectativa de que afinal há alternativas que dependem de nós na escolha dos nossos caminhos colectivos!
Eu sei que tu és uma mulher de causas, de convicções fortes e de coragem. Viveste em África e trouxeste no sangue a rebeldia dos seus povos. Viste o sofrimento, testemunhaste a coragem de lutas contra os preconceitos e as injustiças, o sacrifício em nome dos interesses e estratégias de uma longa colonização, cruel e injusta. Percorreste os caminhos da Descolonização, escreveste sem medos sobre os dias de um passado sombrio e sobre um futuro que vinha ainda longe, no sonho de muitas gerações. Foi nas planícies e anharas da terra angolana, no contacto estreito com os seus povos, que o sonho da liberdade que trazias no peito se tornou mais forte.
Eu estava lá contigo!
É esse sonho que se renova neste momento com a tua candidatura. Num mundo diferente, num tempo diferente, num contexto diferente. Mas mais forte, mais urgente, mais arrebatador. Mais inadiável!
E hoje, mais do que nunca, estou contigo aqui, para te apoiar. Incondicionalmente!

Portugal atravessa momentos muito difíceis como resultado de um percurso vazio de lideranças ou de lideranças dúbias, numa democracia que dava os primeiros passos em 1974. Passados mais de quarenta anos, enfrentamos uma das mais graves crises da nossa História. Uma crise que atinge as pessoas, objecto de estatísticas infames, reduzidas a um deve/haver que se traduz na angústia e na incerteza de muitos milhares de portugueses.
Estamos mergulhados num debate de hipocrisias, onde os votos se disputam com a verdade da mentira, sem que o país possa escolher em liberdade os seus representantes legítimos, os da nossa proximidade, aqueles que vimos crescer nas nossas vizinhanças, os mais aptos pelas suas qualidades reveladas ao longo do tempo da sua juventude e da sua maturidade. Todos os caminhos percorridos durante estes quarenta anos nos trouxeram a uma encruzilhada de pesadelo como consequência óbvia de uma governação comprometida com interesses alheios ao povo governado e ao país. É imperioso que alguém nos conduza na escolha de novos caminhos para Portugal.
E esse alguém tens que ser tu! Obrigatoriamente!
O retrato de Portugal é hoje sombrio para muitos portugueses, já o disse. Nele, poucos são capazes de encontrar um lugar onde os seus filhos possam crescer e trabalhar na construção de um futuro. É o futuro de várias gerações que está comprometido.
O Portugal da terceira idade, onde a paz e a segurança possam ter lugar na última parte de uma vida de trabalho, só existe para muito poucos. Os jovens são obrigados a emigrar ou a aceitar trabalho precário, porque a economia portuguesa não tem uma resposta digna dessa procura para eles. Nos últimos anos a classe média, que representa os pilares em que assenta uma macroeconomia desenvolvida e moderna, foi arrasada. E os seus sobreviventes lutam sob uma carga de impostos insuportável e imoral. O Ensino em Portugal é hoje um laboratório de experiências desastrosas. A Saúde é gerida por critérios economicistas. A Segurança Social transformou-se num ‘big brother’ de sustentação periclitante. A Justiça não é para todos – cara, lenta, politizada. A teia de corrupção estende-se, já livre e dominante pela experiência de muitos anos dos agentes que a exercem e controlam.
Portugal é hoje um país de medos! Do medo dos impostos, do medo do dia seguinte, do medo dos despedimentos, do medo da saúde, do medo do futuro, do medo do desemprego, do medo da doença, do medo de ser pai e mãe, do medo de ser velho. É imperioso que o medo desapareça das nossas vidas.
Em cada acto eleitoral se repetem as mesmas caras, profissionais da política, num baralho de cartas sempre igual. Somos um país adiado nas suas crises cíclicas e intermináveis, gerido pelos mesmos actores ao longo de muitos anos.
Mas eu sei que a tua candidatura representa uma nova esperança para muitos portugueses, repito. Uma esperança na mudança, volto a repetir. Tu és a mulher capaz de trazer à sociedade portuguesa a certeza de que existe um Portugal mais justo e mais livre. Menos desigual! E mais consciente. Quisera eu que todos os portugueses te conhecessem bem como eu te conheço e votassem em ti, como eu vou votar. Acredito que és a mulher que pode transformar Portugal num país novo, acredito que serás capaz de devolveres aos portugueses uma nova esperança no seu futuro.

Acredito em ti, Manuela Gonzaga.
Acredito na tua capacidade para o diálogo entre instituições. Acredito que lutarás pelas causas maiores deste país que é o nosso, como Presidente da República.
Acredito na tua força de carácter, na tua coragem, a tua determinação e no teu saber. Acredito que serás a defensora dos Direitos Humanos em Portugal, e com eles, os direitos dos animais, e da Natureza pela reparação dos estragos que tem sofrido, pelo respeito que lhe devemos, pela necessidade imperiosa de a preservarmos.
Acredito incondicionalmente em ti, Manuela Gonzaga!

Isabel Valadão, João Paulo O. Costa, Manuela Gonzaga
Torre B, auditório 1, FCSH, Universidade Nova, Lisboa

      



quinta-feira, agosto 20, 2015

«A Voz do Silêncio»

A agenda eleitoral de campanha (Presidenciais 2016) está a ser preenchida - com vários eventos a caminho. Como somos poucos, e os meios menos ainda, temos de nos organizar à minúcia, sem perder de vista objectivos muito definidos. Ontem foi a muito esclarecedora visita às instalações da sede da APAV, rua José Estêvão em Lisboa, e a intenção de regressar àquela casa. O director, dr. João Lázaro, recebeu-nos, acompanhou-nos e elucidou-nos sobre o que é, a quem se destina e como funciona esta associação fundada em 1990, e destinada a a apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de reconhecida qualidade, gratuitos e confidenciais.


A instituição tem também nos seus objectivos uma contribuição de reconhecido mérito no sentido de aperfeiçoar politicas públicas, sociais e privadas centradas no estatuto da vítima. Sublinhe-se que, ao dar Voz à Vítima - seja qual for o seu sexo ou respectiva orientação, a sua faixa etária e até a sua nacionalidade - ,  a APAV têm uma acção que ultrapassa largamente os casos mais mediatizados da tristemente célebre violência doméstica. As vítimas de exploração sexual, apanhadas nas malhas do tráfico humano; as crianças abusadas; os imigrantes; os idosos e as idosas vítimas de maus tratos continuados, quer por parte de familiares, ou nos lares; os homens, de que nunca se fala quando se fala em abuso ou violência, mas que também a sofrem em toda a sua extensão ... o campo, infelizmente, é vasto.

Em breve iremos visitar mais centros desta instituição exemplar. E, pela minha parte, ofereci-me à APAV para ir orientar ali uma das minhas Oficinas de Escrita.  A data será agendada em breve.


domingo, agosto 16, 2015

Adopção por casais do mesmo sexo?

Uma das questões que me tem sido colocada, em privado: o que penso sobre a adopção por pessoas do mesmo sexo? A resposta aqui vai:




Se sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em boa hora legalizado em Portugal (Lei n.º 9/2010 de 31 de Maio)? Sou completamente a favor. O casamento (civil) é um contrato. Implica obrigações e direitos mútuos. Implica, do ponto de vista patrimonial, protecção a ambos as/os implicados. Legaliza, à face da lei, uma união. Não abençoa, não invoca deus ou deuses, não sacraliza. Nem precisa: seja qual for o contexto, o amor é o seu próprio sacramento.
Se sou favorável à adopção por casais do mesmo sexo?
Num mundo perfeito, crianças nasceriam e cresceriam amadas e rodeadas pela família de sangue. Mas num mundo perfeito, (algumas, muitas) crianças não seriam abandonadas em contentores, abusadas por familiares, vendidas para os mais medonhos tráficos, espancadas,negligenciadas por dependentes de todo o tipo de droga, álcool incluído, procriam sem condições. Num mundo perfeito não existiriam (algumas, muitas) crianças órfãs de guerras. Num mundo perfeito, (algumas, muitas) crianças não teriam fome, nem medo, nem solidão.
Esse mundo perfeito não existe.
O que precisa, em absoluto, uma criança? Amor. Amor incondicional. Absolutamente, sim.
Ora a orientação de género é irrelevante quando se trata de analisar sobre a bondade, a inteligência, a generosidade, a capacidade de alguém dar um lar a uma criança que o não tem. A orientação de género diz tanto de uma pessoa quanto a cor da sua pele ou dos olhos. Nada de relevante portanto sobre a essência do seu ser. Para avaliar as condições em que o casal (do mesmo sexo ou de sexo diferente) se encontra há batalhões de técnicos e longos períodos de avaliação para se perceber se reúnem consenso e se lhes pode ser entregue a ou as crianças.
Porém, os detractores desta medida, e são muitos ainda, preferem que as crianças continuem entregues às instituições de onde são «expulsas» logo que atingem a maioridade. Aos 18 anos. Sem laços nem família nem mais obrigações por parte do Estado. Moralidade é isto?
O que terá uma criança abandonada a dizer sobre esta medida? Pedem-lhe a opinião? Dão-lhe a escolher entre ser institucionalizada ou fazer parte de uma família por menos ortodoxa que tal família pareça ser? Não me parece que a opinião da criança seja levada em linha de conta. E depois, que diabo, a criança, com a tendência que as crianças têm em crescer, em breve passa a ser um pequeno adulto. E aí, a sociedade lava as suas mãos.

quarta-feira, agosto 12, 2015

Liberdade Incondicional

E assim me encontro agora numa estrada de vida que jamais tinha planeado: sou candidata presidencial!

Porque aceitei este caminho, que passos pretendo dar, e o que me move são os temas que desenvolvo no Manifesto que apresento com a minha candidatura. A foto, publicada neste blogue sob o título com «uma história para contar depois», ilustra o momento em que partilhei a novidade de um desafio tão entusiasmante quanto assustador com o amigo de muitos anos João Paulo Oliveira e Costa, meu mandatário nacional, escritor e historiador, e com Laure Collet (que não aparece porque está a fotografar-nos), nossa amiga e também tradutora e editora comum.

Era o tempo do segredo, e muito poucos souberam da novidade até ela ter sido divulgada em entrevista ao jornal Publico, uma semana antes do anúncio formal da candidatura.




Uma voz a quem precisa
Candidato-me à presidência da República Portuguesa, após vários anos de activismo, ao serviço de causas num envolvimento político e social que me permitiu começar a ver soluções no âmago dos conflitos, e a perceber que há caminhos de muita esperança nas estradas destruídas de uma civilização que está a chegar aos próprios limites.
Foi em Maio de 2015 que comecei a interiorizar a candidatura à mais alta magistratura de Portugal, que venho tornar pública por imperativos de cidadania, considerando que faz todo o sentido erguer a minha voz não-alinhada para dar voz aos que já não a têm ou nunca a tiveram. E a quem já nem resta o alívio de um grito de revolta.
Faço-o consciente de ser mais uma a somar-se às inúmeras vozes que denunciam, em Portugal e por todo o mundo, a brutal ditadura económica, sem rosto, sem precedentes nem limites, que tem vindo massificar os quotidianos da Humanidade, e, de uma forma galopante, a asfixiar a Vida de todos. Pessoas, Animais, Natureza.
Faço-o com o conforto de saber que há muitas outras vozes, em Portugal e no Planeta, a combater pela preservação da natureza que estamos a deixar às nossas descendências inocentes de tamanha destruição e calamidade. A herança envenenada de uma economia global, que destrói, contamina, perverte a Vida de todos em todas as suas manifestações.
Faço-o com a consciência de que precisamos de construir, em Portugal e no mundo sem fronteiras da gente da boa vontade, um património de esperança. É, sem dúvida, uma forma de activismo que tem de começar pela educação e pela consciencialização do modo como, nas nossas rotinas, num somatório de pequenos «nadas», contribuímos a cada segundo para a depredação do ambiente e para a exploração sem peias, nem ética, dos animais. Todos eles.
O QUE ME MOVE?
A noção muito evidente que temos, cada um de nós e todos, grandes responsabilidades pelo estado do mundo onde transitoriamente decorrem as nossas vidas. Sendo portuguesa e sendo cidadã, decidi por isso colocar a minha voz, o meu empenho e o meu amor ao serviço da construção de um mundo melhor. Começando evidentemente, pelo meu país natal, mas com a consciência de que, vista do céu, a Terra é só uma e não tem fronteiras.
QUE OBJECTIVOS ME NORTEIAM?
Num primeiro momento, ponderei tomar por lema da minha candidatura a expressão Por um Portugal mais justo – mas soube-me a slogan fora de prazo. Depois, pensei em erguer a bandeira das causas sob o lema Portugal de Todos. Mas isso não corresponde à verdade. Portugal, Estado Nação que Abril prometia vir a ser a pátria de oportunidades, com património riquíssimo, material e imaterial, uma longa História a preservar, até pelo muito que nos liga aos quatro cantos do mundo, é só de algumas e alguns. Este país, de natureza generosa e lindíssima, foi de tal forma alienado ao longo das últimas décadas, que é preciso começar por equacionar que Portugal nos resta ainda. E como salvaguardá-lo. E para quem. E por onde começar.
Foi assim que me encontrei a reflectir sobre um país fracturado e triste, arrebicado para estrangeiros que recebemos muito bem, e a quem – a um preço certo em euros –, vendemos cidadanias plenas, isentas de tarifas e outras grilhetas tarifárias que, por outro lado, a nós, portugueses, nos esmagam no abraço constritor da jibóia fiscal. Um Portugal espaço de sonho para turistas, que em número cada vez maior, equilibram alegremente a nossa desequilibrada balança de pagamentos, passeando, fotografando, comendo e dormindo no décor de postal ilustrado tridimensional que conferimos às nossas cidades, vilas e aldeias. E aos campos e às praias, iluminadas pela luz benfazeja que banha de ouro este Portugal que já foi de nautas e de aventureiros que hoje já quase ninguém recorda.
Juntando, peça a peça, os pedaços partidos do meu e nosso país, deparei-me com um Portugal que exporta portuguesas e portugueses a um ritmo alucinante, em vagas que nos privam do melhor da nossa juventude, de parte substancial dos nossos «cérebros», de gente activa e válida que tem de procurar noutros lados a subsistência que aqui lhes falha. Actualmente, a população da diáspora, mais de dois milhões de pessoas, já representa 20% da população residente no país. Somos um dos países da União Europeia com maior número de emigrantes. Grande parte dos que partem, nos últimos anos, são mulheres e homens na flor da vida.
E não pensam voltar.
Ora isto dá tanto que pensar. Afinal, após décadas de democracia mal-amanhada, o que resta? Um país a sós com a sua merenda que, no jardim periférico do não-recreio, se limita a defender a vocação de «bom» aluno pobre face aos alunos ricos que apenas o toleram porque lhe cobiçam os tesouros que ainda lhe sobraram no farnel, mas que, ostensivamente, o desprezam.
Aprisionados neste pesadelo colectivo, onde está a nossa voz? É fácil responder. Está amarrada, como presas estão as nossas vidas a um modelo de sociedade desprovido de sentido e sem qualquer viabilidade num futuro muito próximo. Foi neste contexto que surgiu o lema da minha candidatura:
LIBERDADE INCONDICIONAL

Porque é a nossa, colectiva, liberdade que está em questão na balança de pagamentos, onde os juros de uma agiotagem consentida ou tolerada atingem um despudor nunca visto, porque constituem uma grelha implacável, uma malha de arrasto, à escala planetária.
Porque nos ghettos onde, divididos por espécies, escalões fiscais, idades, géneros, cor de pele, fatalidade geográfica e outras classificações demenciais, é a nossa liberdade que se apaga.
Porque é da nossa, colectiva, liberdade que se trata quando se fala em extermínios de populações, um pouco por todo o mundo. Porque é da nossa colectiva liberdade agrilhoada que falamos, quando assistimos, silenciosamente, ao espectáculo diário dos mares transformados em cemitérios de gente em fuga. Ou ao debate e à prática do erguer de cortinas de ferro e balas em países ricos para impedir os muitos pobres de ali entrarem em busca de pão e paz.
Porque é da nossa colectiva liberdade que se trata quando assistimos à destruição da natureza e dos seus recursos. Uma destruição que, na mira de lucros sem amanhãs destrói terreno após terreno, não sem antes ter destruído os seus legítimos e ancestrais detentores humanos e não humanos. E que, na mesma lógica, promove a desflorestação galopante que ceifa um hectare de florestas a cada segundo que passa.
Porque é da nossa colectiva liberdade agrilhoada na indiferença ou na desinformação, que se fala quando se contempla a crueldade gélida com que tratamos animais e natureza ao serviço do lucro sem peias.
LIBERDADE INCONDICIONAL! PARA TODOS NÓS
Sem a pretensão de achar que posso mudar o mundo, assumo a ousadia de pensar que posso contribuir para a mudança no nosso pequeno mundo. Há sinais que chegam de todo o lado e contagiam. Não estou só, não estamos sós, nesta ousadia com asas de sonho. Todos juntos, não só podemos como devemos começar o caminho de libertação. Primeiro pela nossa casa. Pela casa dos que amamos. Pela casa dos que não têm casa. Pela casa-país que nos deu berço. Um país onde a cultura, alma de um povo, seu motor de arranque e busca de todos os amanhãs, é a filha mais mal-amada. E onde os recursos básicos da vida que ainda nos restam – água, saúde e educação – estão sob a mira das privatizações.
Não podemos deixar que tal aconteça.
CANDIDATO-ME À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PARA ASSUMIR O CARGO DE PROVEDORA DOS CIDADÃOS.
Para colocar o dedo na ferida alargada da Nação e apontar caminhos de liberdade, já que não pode haver liberdade sem reconhecermos a prisão onde estamos confinados.
Candidato-me a Presidente da República Portuguesa por entender que alguém num palanque de tão alargado poder de audiência tem de falar por esta terra que nos roubam, por este mar que nos querem vender, por esta população nossa que perdeu o sonho e com ele a esperança de uma vida com sentido.
Candidato-me à Presidência da Republica Portuguesa para ser uma Voz.
A voz dos idosos: temos a quarta maior percentagem de idosos na União Europeia. Vivem de esmolas, quase todos. Com efeito, de uma forma que nos envergonha a todos, sobrevivem com pensões de pura indigência. Pensões que de tão exíguas lhes colocam o problema irresolúvel da escolha entre os medicamentos que precisam em absoluto, ou a modestíssima alimentação sem a qual não vivem. Ora, e sua na esmagadora maioria, os nossos maiores, após uma vida de sacrifícios e trabalho árduo, não conseguem fazer face à dupla despesa.
A voz dos precários e dos desempregados: Portugal é o terceiro país, da União Europeia, com maior incidência de trabalho precário, associando-lhe a terceira taxa de desemprego mais elevada entre os países da OCDE, só ultrapassada pela Espanha e pela Grécia. Os números do Instituto Nacional de Estatística apontam para um número de desempregadas e desempregados de longa duração na casa dos 350 mil. Algo como 63% do total dos desempregados. A maior parte tem 45 ou mais anos. Muita pouca esperança, portanto, de voltar a arranjar emprego. Pelo menos em Portugal.
A voz das pessoas pobres – uma população que implica desde a pobreza envergonhada, à pobreza ostensiva e trágica dos que já nem tecto têm sobre as suas cabeças. Os desabrigados da sorte que diante dos nossos olhos, caíram e caiem na rua, todos os dias, e ali vivem. Se é que se pode chamar vida a quem nada tem de seu a não ser a miséria, sabendo-se que, em 2014, quase três milhões de portugueses estavam em risco de pobreza ou exclusão social, ou seja, sem possibilidade de satisfazerem as suas necessidades básicas.
Nesta contabilidade inscrevem-se quase metade dos desempregados, e não apenas os de longa duração, que vivem em situação de pobreza real. E, entre esses pobres, destaco as crianças. Em Portugal, uma em cada três vai para a escola com fome.
A voz que denuncia as desigualdades. Sociais e de género. E os crimes contra as mulheres – vítimas principais de um fenómeno de longuíssima duração que não podemos tolerar mais. A violência doméstica. Uma espécie de guerra civil de género, com vítimas quase diárias, algumas das quais não sobrevivem às agressões – e isto só em Portugal.
A voz atrás de grades de prisões onde nada se faz para a sua reabilitação. Prisões que são depósitos de gente a prazo e que, sem horizontes nem oportunidades, rapidamente voltarão aos mesmos comportamentos que para ali os levaram.
A voz de jovens a crescerem fechados nas ruas da vida, sem beneficiarem da passagem de testemunho das gerações mais velhas. E que acreditam que a vida ideal se cumpre no interior de um plasma televisivo para onde, por falta de horizontes e ferramentas mentais de educação apropriada, muitos e muitas querem saltar.
E, da plataforma institucional da mais alta magistratura da nação, quero ainda reequacionar a corrupção instalada que nos coloca numa posição «dramática» a nível europeu. Uma corrupção cujos agentes estão protegidos por um muro de opacidade instituído e defendido pelo próprio poder ao longo dos últimos quarenta anos.
Da mesma forma, quero promover junto das instâncias do poder legislativo e executivo, a reconversão da Justiça, que não é tão independente como seria desejável num estado de direito. Acima de tudo, defendendo os imperativos da vida humana que, num binómio de lucros/percas, deixou de ter qualquer valor intrínseco. A vida humana que, perante a alta finança, a invisível mão que domina os destinos do mundo, está simplesmente balizada entre consumidores/produtores, numa das vertentes. E excedentários na outra.
Por excedentários leia-se dispensáveis.
Por excedentários, leia-se, inúteis. Populações inteiras sem terra, nem pátria nem «préstimo». Idosos que teimam em não morrer, arrumados a eito e em segredo em câmaras de extermínio lentas chamadas lares clandestinos ou oficiais. Desabrigados. Desempregados. Pobres. Crianças de ninguém. Órfãos de pai e mãe ou da sorte.
É por todos estes motivos que pretendo fazer do Magistério Presidencial um farol de novos rumos, buscando inspiração, alento e apoio no melhor que a sociedade civil tem vindo a conseguir, não só em Portugal mas também noutros países. Promovendo as redes de solidariedade de vizinhança, que estão a emergir por todo o lado. Promovendo a procura e divulgação das novíssimas soluções que emergem de todo o lado, onde a criatividade rasga horizontes e abre caminhos plenos de futuro, como resposta aos novíssimos desafios.
Vamos transformar o Palácio de Belém numa sede de almas livres e sonhos soltos.Num enclave de artistas: poetas, da palavra e da acção; poetas das ciências, das artes, dos ofícios. Guardadores da memória. Não tenhamos medo das palavras. Só os visionários, que vêm muito mais longe, e têm os olhos postos no futuro, conseguem mudar o mundo.
Vamos reequacionar o peso, económico, político e social de uma instituição que deve ser modelar. Inspiradora. Polarizadora. Geradora de movimentos de libertação pessoal e colectiva. Uma casa onde a Arte seja bem-vinda, e onde artistas e demais pensadores criadores se sintam em casa. O Palácio de Belém.
DEFENDO
A mudança. Qual?

Numa visão alargada da sociedade, defendo a Educação e a Cultura ao alcance de todos, veículos principais do desenvolvimento maior, que é a Liberdade de pensar. Logo de agir. Logo de encontrar soluções, saídas, pontes e novos caminhos.
Defendo a mudança de paradigma histórico – nos moldes em que todos teremos uma palavra a dizer sobre o que a todos pertence. Porque para os novos problemas existem soluções novas. É preciso olhar o quadro sob uma nova perspectiva e percebermos que a cidadania só é exemplar quando se faz do envolvimento de todos.
Defendo os direitos dos animais e da natureza – que devem ter protecção, dignidade moral e jurídica. Porque são seres e não coisas. Porque partilham connosco a casa única de todos nós, a Terra. Porque são inocentes. Ao contrário de quase todos nós.
Defendo a reinvenção da política, a renovação dos seus agentes, a construção de caminhos onde a inclusão é o Caminho, e a economia perca o seu peso ditatorial e escravizante para se tornar um instrumento inteligente e solidário de partilha de recursos entre todos.
Defendo a reintrodução das palavras fundamentais no discurso do poder:
– Solidariedade para com todos os seres.
– Ética, em todos os momentos das nossas vidas.
– Empatia: na nossa relação com os animais, com a natureza e uns com os outros.
E isto, sem deixar de manter um olhar lúcido e intransigente sobre a Casa de Todos, o Parlamento, onde se decidem os destinos do país. Uma Casa onde, nas últimas décadas, muito poucos têm conseguido o inimaginável – tirar Portugal aos portugueses.
Como consegui-lo?
Através de um magistério de influência. Através da atenção que nos irão merecer todos os trabalhos e suas conclusões apresentadas sob a forma de decretos-lei que poderei ou não aprovar. Através do diálogo com as forças vivas da Nação. É que estou firmemente convicta de que somos muitíssimo mais do que julgamos ser. E do que se pensa que somos. Nós os que acreditamos que a justiça é possível, e que a ética é desejável na prática dos quotidianos mais modestos às cimeiras do poder instituído e de todas as suas estruturas. Acredito que somos muitas dezenas milhares de portugueses a desejar o mesmo, mas que não se enquadram nas instituições conhecidas, nem se revêm nos representantes que não dão voz, nem corpo, a estes legítimos anseios.
Anseios que eu, Manuela Gonzaga, candidata à mais alta magistratura da nação, venho defender e defenderei publicamente por todos os meios ao meu alcance.
Porque acredito que todos os problemas trazem consigo a chave da própria solução.
Porque acredito na mudança.
E na Liberdade. Incondicional.
Manuela Gonzaga
Lisboa, 1 de Julho de 2015

Para acompanhar:
http://manuelagonzagapresidenciais.com

domingo, agosto 02, 2015

«Com uma história para contar depois...»

Todas as vidas ocorrem em ciclos. Quase todos, anunciados. Neste caso, não houve sequer pré-aviso. O próprio tempo que precisei para digerir e aceitar a mudança, ora me pareceu muito longo, ora decorreu num ápice.

Em finais de Julho, a decisão tomada dois meses antes, partilhei-a com João Paulo Oliveira e Costa, amigo, professor, director do Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar e romancista. E, desde então, companheiro dos novos percursos. Connosco, a nossa querida Laure Collet, tradutora e editora que já publicou em francês vários livros nossos. E o discreto jantar acabou por se tornar um evento avant-la-lettre.

Amanhã segunda-feira o jornal Público vai contar o que se passa.

Do mural de João Paulo Costa a 31 de Julho de 2015: «Hoje jantar com a Manuela Gonzaga .... Com uma história para contar depois smile emoticon
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